Pequenos passos rumo à vida plena de felicidade - I

Diz a literatura que há milhões de anos atrás, após um acontecimento catastrófico, onde tudo parecia o fim, surgiu a primeira flor. E então, o homem, atraído por sua beleza e aroma, pôde vivenciar pela primeira vez o despertar da consciência.

Este sinal dito maravilhoso não é visto. Se um dia vier, poderão entender certamente. Ofu. 1-16

Quando esse dia chegar e o entenderem, seja quem for, todos irão admirar. Ofu. 1-17

Chamamos de despertar da consciência ao fato de nos tornarmos capazes de ver além da matéria. É a consciência capaz de compreender a Razão apenas contemplando a beleza das flores, o voo de um pássaro, o sorriso de uma criança, o olhar de um idoso, e até mesmo os percalços que a vida nos apresenta.

O preparo para distinguir entre os esclarecidos e os não esclarecidos dos altos montes é também pelo pilar. Ofu. 11-46

Quando se vivencia esse “despertar”, ou seja, quando deixamos de ser “não esclarecidos” e passamos a compreender a verdadeira Razão nos tornando “esclarecidos”, damos um grande salto no nosso processo de evolução e maturação espiritual, não importando quanto tempo levamos para despertar, quantos erros cometemos ou quantos pensamentos errados tivemos.

Até a rocha mais densa sofre alterações moleculares e se transformam em cristal, da mesma forma que o carbono se transforma em diamante após receber pressão e aquecimento.

Quanto a distinção entre os não esclarecidos e os esclarecidos, distinguirei colocando o fogo e a água Ofu. 11-47

O hinduísmo usa o termo iluminação, o cristianismo prega a salvação e os budistas buscam o fim do sofrimento. Nós, seguidores do ensinamento de Oyassama, buscamos o “yokigurashi”, a vida plena de alegria e felicidade.

Uma das coisas que mais impedem o despertar da consciência e, portanto, alcançarmos a vida plena de alegria, é o ego.

No dicionário temos: Ego é a experiência que o indivíduo possui de si mesmo, ou concepção que faz de sua personalidade; em psicanálise, apenas a parte da pessoa em contato direto com a realidade, e cujas funções são a comprovação e a aceitação dessa realidade.

Quando alguém critica o seu trabalho, você imediatamente se ofende, muitas vezes surgem os sentimentos de ira e vingança e de querer discutir.

No fundo, sabemos que poderíamos ter feito melhor, mas o ego não permite que façamos uma autocrítica e reconheçamos as nossas falhas. Ele nos defende, nos passa a mão na cabeça e isso é reconfortante. Assim, deixamos o ego agir por nós e reagimos.

A partir do momento em que você consegue reconhecer a presença do ego entre o verdadeiro Eu e a situação, você não reage. Avalia a situação, ouve a crítica e a utiliza em prol do seu crescimento, porque já não é mais “não esclarecido”, mas uma pessoa que despertou a consciência para a verdadeira Razão.

*Sandra Miyoko Nishida, é yoboku da Igreja Daihakuyo