626 2023.Ago_Palestra

Mudar o rumo da vida

Marcos Makoto Mukai

Acabamos de realizar a cerimônia mensal do mês de julho do ano 186 da Revelação Divina. Meus parabéns pela reverência de todos que, deixando os seus afazeres, decidiram vir no dia de hoje. Gostaria também de parabenizar às moças pelo belíssimo encontro de ontem, e aos moços, que também realizaram brilhantemente a sua Assembleia. Meus parabéns!

Hoje, recebi a incumbência de transmitir-lhes algumas palavras; então, solicito seus preciosos minutos de atenção.

Eu solicitei, alguns minutos atrás, a atenção dos senhores, mas os senhores gostariam de ouvir? É muito importante abrir nossos corações, pois temos a tendência de fechar a janela dos nossos ouvidos. Por essa razão, perguntei aos senhores se estão querendo ouvir. 

Hoje vou falar um pouquinho de algo importante que, se realmente nós seguirmos de acordo com o ensinamento, poderemos mudar a trajetória da nossa vida. 

Nós ouvimos muitas pessoas dizerem que nós nascemos assim e que iremos deixar esse mundo assim. Porém, nossa mãe, Oyassama, nos ensinou que podemos mudar a nossa caminhada. 

Hoje, também temos aqui os cursistas que estão estudando e finalizarão o Curso de Formação Espiritual de 28 dias. Meus parabéns. Esse curso também, realmente pode mudar o nosso pensamento, podendo trazer novas coisas em nossa vida. Então, é importante abrirmos nossos corações. Ainda mais, porque o diretor que me apresentou, disse: “Agora será o diretor que irá falar”.

Quando ouvimos algo, muitas coisas vêm à nossa cabeça, em seguida, vem o nosso sentimento, e, depois, iremos agir. 

Oyassama, ensinou diversas coisas como a importância do Serviço Sagrado, Otsutome, e do Sazuke ministrado nas pessoas. Certa vez, uma pessoa me falou: “Makoto, você podia benzer a minha carteira? É porque estou desempregado.” Respondi que não, carteira não pode. Mas por quê? Porque Oyassama disse que deve ser feito nas pessoas. O problema não é a carteira, o problema é você. Muitas pessoas afirmam: “No Brasil não tem emprego”. Porém, há sim, e às vezes temos que questionar: “Por que não há para mim?” “O que eu tenho para oferecer?”. Nas empresas, se a pessoa não produz, se não traz lucro, ela é descartada.No mundo capitalista, funciona dessa forma. Por isso, é preciso pensar: “O que eu tenho para oferecer? Se eu não tenho nada a oferecer, alguém irá me contratar?”. Então, quando a pessoa diz: “Makoto, você conhece muita gente?”, e respondo que sim, ela continua: “Será que você pode levar o meu currículo?”. Porém, quando vejo o currículo, dá vontade de chorar, pois diz que a pessoa não sabe fazer nada... Alguém contrata quem não sabe nada? Então, são esses questionamentos que precisamos despertar.

Oyassama falou sobre o Otsutome, que foi traduzido como o Serviço Sagrado. Quando analisamos, o Otsutome é muito além do que o Serviço Sagrado. Esse “O” é para elevar. “Tsutome”, vem de “Tsutomeru”, que é trabalhar. 

Antes de continuar, gostaria de ressaltar que este ano é um ano muito especial, pois completa-se 70 anos que a minha família Mukai entrou para este Caminho. Eu não sei exatamente o dia, mas me contaram que foi no ano de 1953. Sete décadas, é muito tempo. E também neste ano, irá completar 24 anos que estou como Kaityo, como condutor de Igreja. Hoje, eu vejo a importância da palavra Otsutome, mas demorou. Hoje, eu vejo, realmente, que muita coisa demora para entendermos de forma verdadeira. Não é por acaso que, quando ocorreu a revelação de Deus Parens, tornando Oyassama o seu Sacrário, ele disse: “Daqui 10, 20, 30 anos, vocês entenderão”. Não é por acaso. 

Outro dia, estava lendo esse trecho e pensei “Olha, não é por acaso”. Eu, depois de 24 anos, comecei a entender que a vida toda tem um aprendizado. Quando definimos algo em nossa mente, começa-se a bloquear a compreensão e execução. Serviço sagrado é difícil; por isso, é necessário praticar. Se você estabelece que é difícil, será difícil; se acredita que é fácil, será fácil. Temos condições de aprender tudo. “Ah, é em japonês”. Não é somente isso. Eu conheci um kaityo lá de Congo que é negro e que canta em japonês. “Ah, não é possível.” Sim, ele canta em japonês. Mas a questão não é o japonês; ele canta na língua original. Por isso, as pessoas da Igreja Nordeste Hoyo falam que a Tenrikyo é ensinamento universal, e isso fez com que eu refletisse. É muito importante isso, se tenho a vontade de aprender, irei aprender. 

Eu, quando virei Kaityo, as pessoas me chamavam de Sensei, mas eu não sabia esses Hinos Sagrados; não foi brincadeira. Aí eu determinei: “Vou aprender”, e levei um ano e alguns meses até concretizar isso. Mas se nós determinarmos, nós vamos aprender. Por isso, mesmo nessa caminhada de três anos, mil dias, que tanto está sendo falando na Instrução 4, é exatamente isso: é o momento oportuno para se falar: “vou fazer algo diferente em relação aos outros anos até aqui”. É muito importante determinar. Quando nos determinamos, começamos a caminhar. Quando afrouxamos, estagnamos. É muito importante a vontade de aprender.

Temos o Sazuke. O que é o Sazuke? O Sazuke é o segundo estágio. O Serviço é para nós mesmos;  por isso, quando se fala “ashiki o haroote”, é para limpar aqui (coração). Por que a Oyassama ensinou as oito poeiras e as dez providências? Tem dez providências e oito poeiras, mas a rigor, são dez poeiras, pois falou: “Detesto a mentira e a lisonja”. Penso que é mais grave  quando ela fala que “detesta”. Então, precisamos realmente saber conjugar as dez providências com as oito poeiras, pois do contrário, muitas vezes, não saberemos utilizar. É a mesma coisa que entregar uma chave de uma Ferrari para uma criança e fala para ligar. Ela pergunta: “Onde?” “É naquele buraco aí”, ela pode colocar no escapamento, porque lá também é buraco. Temos que pegar na mão e falar: “É aqui e tem que girar”, e assim ela irá aprender. 

Eu também escutei por muitos anos “Faça o Serviço Sagrado”, “Para quê?” “Para melhorar”, “Mas as outras pessoas não fazem e a vida delas é boa”. Então, muitas das vezes, temos que ensinar. Sabe o que eu descobri recentemente? O Serviço Sagrado é para mudar aqui dentro, é para tirar essa poeira aqui.  As oito poeiras, quais são elas? A mesquinhez, cobiça, ódio, amor-próprio, rancor, raiva, ambição e orgulho. É para tirar essas poeiras. Agora, se você está fazendo esse gesto (haroote) e não está tirando nada, aí realmente tem que se pensar.

A pessoa fala assim: “Sigo a Tenrikyo há 50 anos, mas minha vida não muda”. “Mas como você está fazendo? Está fazendo com alegria?” Por exemplo, o Serviço Sagrado mais cedo lá da Sede mundial é às 5 da manhã. A turma fala: “Ah, às 5 da manhã eu ainda estou no quinto sono”. Como vai fazer? Mas você só faz esse gesto? Não é só esse gesto; esse gesto é só uma parte. Acabamos de dançar os 12 Hinos. Se levar a sério, com certeza mudará o curso da vida, há uma importância nisso. Porém, fazer por fazer ou porque alguém disse para executar, não terá efeito. Mas, no começo é dessa forma, igual a uma criancinha. Temos que dar uma bronca porque, às vezes, não segue, mas depois de adulto, não pode agir assim. 

Hoje tem uma pessoa especial que eu convidei para vir fazer o curso de Doutrina, o Vando, que está aqui. Uma pessoa falou assim: “Nossa, foi fácil convidar?” Não é questão de ser fácil ou difícil; é preciso convidar. Ele falou que iria entrar de férias, e então, falei: “Vai lá fazer um Seminário; acho que vai ser bom para você” Aí, ele disse: “Então, eu vou fazer”. Então, essa questão de as pessoas falarem: “Eu levei, eu trouxe”. Ah, mas levou no colo? Eu olho e falo: “Levou ou convidou?”. Temos que tirar esse costume de dizer: “eu levei”, “eu fiz”. Não, nós que fizemos, porque nós fazemos parte do todo. 

Nessa caminhada, a qual vou completar no dia 26 de outubro deste ano 24 anos, comecei a fazer a divulgação lá, em Araçatuba. Quando cheguei lá, não conhecia um palmo fora da Igreja. Hoje, graças a Deus, conheço muita gente. As pessoas não sabem o nosso nome, mas identificam como: “Ah, aquele japonês de roupa preta”. Certa vez, o primaz anterior falou: “Por que seu happi é marrom?”. Aí eu falei que era porque Araçatuba é quente e tem um sol forte, para não falar outra coisa, pois realmente queima mesmo. E onde eu comecei a conhecer as pessoas em Araçatuba? Fiz amizade dentro do mercado, e encontrei algumas pessoas que disseram: “eu também sou da Tenrikyo” Eu respondia: “Ah, é?” Então, essa divulgação tem que ser feita com alegria. O produto número 1 da Tenrikyo é a alegria. Mas, se você está triste, o que vai vender? Na sua loja, não dá para vender o produto de que você não gosta. 

Eu também tinha duas coisas que não gostava: rúcula e tomate. São duas coisas que só o cheiro, me espantava. Aí, meus filhos foram crescendo e eu comecei a pensar que precisaria comer, porque se eu falar para eles comerem isso e me perguntarem: “Mas por que você não come?”, entraria em contradição, e isso não pode acontecer. Porém, o tomate ainda está meio atravessado; não desce redondo, mas estou me esforçando. Assim, o primeiro fator necessário é dar o exemplo. Exemplo de alegria, a alegria de seguir a Tenrikyo. O que a Tenrikyo faz? A mudança. Oyassama era detida porque falava do Serviço Sagrado. E no final do Hino Sagrado XII, sentindo-se satisfeita, ouvindo, veio a ocultar-se fisicamente. Olha a importância disso; é muito importante. Então, o Sazuke é um estágio, talvez, mais avançado. Quando as pessoas recebem o dom do Sazuke e, na frente do Shimbashira, dizem assim: “Dai-me o Sazuke, que eu vou servir”, se guardae apenas para si, não servirá para nada. É muito importante saber disso. Na hora em que recebemos, realizamos esse juramento. Assim, realmente, temos que cumprir um pouquinho do que prometemos. Tomamos o benefício para mudar a própria vida, e como a vida está melhorando, então, queremos fazer algo para fora. Aí é que ministro o Sazuke. Por isso mesmo, o Sazuke é para se fazer nas pessoas. Não se pode fazer em animal. Nesse caso, temos que conversar com o dono do animal, e assim, a situação irá mudando. 

Não mais alongando, vamos, assim, mudar no nosso dia a dia e, a cada dia que passa, ser uma pessoa diferente, ser uma pessoa que entenda a situação de outras pessoas. Dessa maneira é que se vai mudando a própria vida e, assim, poderemos atingir o ponto mais alto do ser humano, que é ser feliz. Assim está escrito na parte XIV, verso 25: “Tsukihi criou os seres humanos com desejo de ver o viver alegre e feliz”, ou seja, ver a felicidade dos homens e poder compartilhar. Para isso é que nós, realmente, precisamos nos esforçar. Então, não tomando mais o seu tempo, assim com a atenção de todos, gostaria de encerrar no dia de hoje. Muito obrigado.

*é diretor da Sede Missionária e condutor da Igreja Paineira