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tudo, em união espiritual

Rev. Zensuke Nakata

Hoje, em meio ao rigoroso frio, sejam muito bem-vindos de regresso a Jiba. Neste momento, unindo nossos espíritos, realizamos com entusiasmo o Serviço da Grande Cerimônia de Janeiro. Atualmente, estamos em meio às atividades rumo aos 140 anos do Ocultamento Físico de Oyassama, e acredito que todos estão se dedicando animadamente às tarefas diárias para a salvação. Expresso a minha sincera gratidão a todos.

A partir de agora, gostaria de compartilhar meus pensamentos em relação ao dia original em que Oyassama se ocultou fisicamente. Solicito a atenção por um momento. 

Antes de mais nada, gostaria de expressar aos muitos afetados pelo terremoto na Península de Noto, ocorrido no 1º dia do ano, às vítimas, suas famílias e todos os envolvidos, os meus mais sinceros sentimentos pelas dificuldades e angústias que estão enfrentando. Nós, yoboku, pensando nas áreas afetadas, continuamos a orar todos os dias de todo o coração para receberem as graças de Deus-Parens.

O caminho para a recuperação está apenas começando e sabemos que poderá ser longo, mas esperamos sinceramente que, com as providências de Deus-Parens e as orientações de Oyassama, consigam se reerguer.

 Bem, hoje é o dia da Grande Cerimônia de Janeiro, designado como “o dia original”, em que a Oyassama, encurtando 25 anos da sua vida determinada, ocultou-se fisicamente. Para nós, que vivemos na atualidade, para compreendermos adequadamente as intenções da Oyassama eternamente viva, é essencial mantermos uma postura de buscá-las com sinceridade. Com base na vida-modelo, que ocorreu entre o final da era Edo até a era Meiji, devemos aprender não só com as palavras e atitudes transmitidas por Oyassama, mas também através das suas orientações aos nossos precursores, registradas na “Minuta da Vida de Oyassama”, e assim refletir sobre suas intenções. A partir disso, empenhar nos deveres que cada um deve cumprir e não deixar de procurar corresponder às expectativas de Oyassama.

Oyassama, ao ocultar-se fisicamente, orientou-nos muitas coisas. Dentre elas, a prática da dedicação sincera à salvação através do Serviço e do Sazuke. Logo após seu ocultamento, ao consultar a intenção divina através do Honseki, foi dito o seguinte:

“Nivelarei a terra. Estão todos reunidos? Compreendam bem. O que disse até agora, deixei colocado na caixa da verdade. Porém, como saí abrindo o portal, por amor aos filhos, encurtei 25 anos da vida que o Parens tinha ainda pela frente e começo a salvação a partir de agora.”

Acredito que foi uma declaração de que, finalmente, será dado o passo para a salvação mundial. O conceito de ‘mundial’ abrange não apenas o sentido amplo do mundo inteiro, mas também unidades menores que compõem o mundo, como a família e a sociedade ao seu redor. Além disso, é um mundo na ausência de desigualdades como ‘altos montes’ e ‘fundo dos vales’, ou seja, sem discriminação pelo gênero ou raça e pelas diferenças de pensamento ou cultura. Um mundo em que se vive com uma inefável alegria, na qual Deus e os seres humanos participam juntos. Esse é o verdadeiro mundo da vida plena de alegria e felicidade, e a dedicação sincera à salvação é o caminho para chegarmos a essa vida. 

Ainda acrescentou: “Até agora havia algo que queria dar aos filhos. Porém, não pude dar devidamente. Doravante, será entregue gradualmente.”

Assim, nos concedeu amplamente o Dom do Sazuke como recurso de viagem do caminho sincero à salvação, para que ministrássemos e praticássemos firmemente a salvação correspondendo às intenções de Deus-Parens.

Em relação ao Serviço, Oyassama orientou-nos apressando fortemente a sua realização. Em torno de 10 dias antes de seu ocultamento, dentre os diálogos com precursores, Oyassama expressava rigorosamente a grande importância do Serviço. Ainda, dizia para não refletir com pensamentos humanos, e sim refletir através da devoção única a Deus, e executassem o Serviço conforme ensinado. Já os precursores, mesmo querendo corresponder à intenção de Oyassama, tinham dificuldades em determinar o espírito devido à preocupação com a saúde dela. Ao reler essas intensas e rigorosas instruções, é possível sentir que o tempo predeterminado estava se aproximando, o que me faz sentir algo muito forte e que toca profundamente meu coração.

E ainda, “Por existir Tsukihi, existe este mundo; por existir o mundo, existe cada uma das coisas; por existir cada uma das coisas, existem os seus corpos; por existirem os seus corpos, existe a lei; embora exista a lei, a determinação espiritual é o mais importante.”

Por meio dessas instruções, o espírito dos precursores finalmente se determinou, e Oyassama, que estava serenamente ouvindo o som do Serviço realizado naquele dia com a devoção firme e única a Deus, silenciosamente se ocultou. Isso sugere que Oyassama aceitou a sinceridade do primeiro Shimbashira e dos predecessores, e aguardava ansiosamente o caminho futuro. E esse aguardado caminho certamente inclui nossos passos atuais que seguem a mesma direção.

À medida que realizamos a Grande Cerimônia de Janeiro a cada ano e, adicionalmente, avançamos com dedicação sincera à salvação nessa época oportuna nos três anos, mil dias rumo às celebrações decenárias do Ocultamento Físico de Oyassama, vamos manter a firme determinação de nossos precursores para contentar e tranquilizar Oyassama eternamente viva. Gostaria que prosseguíssemos alinhados a essa intenção do Shimbashira que está contida na Instrução.

Agora, enquanto vivemos nossa vida de fé, afirmamos seguir a vida-modelo de Oyassama. Especialmente durante esses três anos, mil dias, refletimos detalhadamente sobre a vida-modelo e reforçamos os pontos a colocar em prática.

Ao repensar o significado de seguir a vida-modelo, percebemos a amplitude desse conceito. O exemplo a ser seguido é, em essência, o modelo de vida que percorre a dedicação sincera à salvação. Além de ser um exemplo nas atitudes diárias, podemos dizer que, em um sentido amplo, a vida de fé neste Caminho visa seguir alinhada a esse modelo. Isso inclui não apenas ações, mas também referências à forma como conduzimos o espírito e os pensamentos, entre outras coisas.

No ano passado, durante a Grande Cerimônia de Outubro, as palavras do Shimbashira me fizeram perceber um ponto muito importante. Ele havia dito:Quando fazemos uma reflexão sobre a vida-modelo da Oyassama, creio que por várias vezes relembramos: naquela ocasião, a Oyassama ‘agiu desta maneira’ ou ‘dirigiu tais e tais palavras’ e tomamos como referência. Isso é uma coisa boa. No entanto, durante um período de 50 anos e mesmo diante dos inúmeros acontecimentos, a Oyassama, sem desistir, continuou dedicando-se em cuidar do aprimoramento espiritual e creio que, antes de mais nada, esta também é a vida-modelo que não devemos nos esquecer.”

    (Jornal Tenri de Dezembro de 2023)

Quando falamos sobre ser um exemplo na vida cotidiana, tendemos a nos focar de forma isolada em como refletir em cada situação e em cada decisão a ser tomada. No entanto, percebi novamente a importância de primeiro compreender os 50 anos da vida-modelo de Oyassama de uma perspectiva ampla, pois há a possibilidade de interpretar erroneamente as coisas importantes.

Além disso, em relação à compreensão dos yoboku que buscam seguir a vida-modelo, foi transmitido o seguinte:

Nós, yoboku, somos instrumentos de Oyassama. Assim como no momento da criação original, em que os instrumentos foram atraídos e seus espíritos foram unificados com o de Deus, servindo de acordo com o desejo do Parens para a criação da humanidade, nós também fomos atraídos para unir nosso espírito ao de Oyassama e agir de acordo com seu desejo, dedicando-nos sinceramente à salvação. Gostaria que todos reafirmassem esta nossa missão.”(idem)

Yoboku, no ideograma japonês, significa material útil na construção de um mundo pleno de alegria e felicidade. Ao mesmo tempo, o instrumento de Oyassama. Ao ouvir a expressão “instrumentos de Oyassama”, a primeira coisa que vem à mente é o ensinamento da Razão da Origem do mundo humano. Cada instrumento, antes de assumirem suas respectivas funções, incorporaram-se na intenção de Deus-Parens e moveram-se obedientemente em conformidade a essa intenção, tornando-se ferramentas da criação humana. Dentro da união espiritual, existe a importante função de cada indivíduo. O ensinamento da Razão da Origem é, sem dúvida, o cerne do derradeiro ensinamento e a base do Serviço para a salvação de todas as coisas. Portanto, ao refletir sobre a vida-modelo de Oyassama, percebi novamente a importância de sempre ponderar sobre o ensinamento da Razão da Origem.

Considerando que Oyassama possui a alma predestinada de mãe de toda a humanidade na criação dos seres humanos, podemos presumir que a vida-modelo segue de acordo com a Razão da Origem. Desde a Revelação Divina, para esclarecer a verdade da Razão da Origem aos filhos que nada sabem, e para guiá-los ao caminho sincero da salvação através do Serviço, foi necessário seguir uma sequência de 50 anos. Dentro desse período da vida-modelo de Oyassama, a sua persistência na dedicação sem desistir em qualquer situação que fosse, é a postura da vida- modelo que nós, que trilhamos o caminho dedicados à salvação, jamais devemos esquecer.

Eu mesmo, ao ouvir as palavras do Shim- bashira, refleti profundamente sobre a minha tendência de pensar e julgar a vida-modelo em situações isoladas.

Além disso, embora ‘modelo’ signifique literalmente ‘exemplo’, acredito que nós, como yoboku, recebemos incentivo e coragem para seguir este Caminho por meio da vida-modelo de Oyassama.

É ensinado que: “Se não trilharem o caminho da vida-modelo, não será necessária a vida-modelo. (…) Não há outro caminho a não ser o da vida-modelo.” (7 de novembro de 1889)

Este é o Caminho aberto por ninguém menos que a própria Oyassama, que esteve sempre à frente de todos. É o Caminho aberto para que seus seguidores não sofressem. Em outras palavras, não estamos trilhando um caminho sem rumo. Para cada situação, há uma referência. A vida-modelo também nos dá forças para superar os obstáculos. Nesse sentido, a vida-modelo é para nós, yoboku, a própria essência da vida.

Por existir esse modelo é que os yoboku são capazes de espargir os ensinamentos e salvar aqueles que ainda desconhecem este verdadeiro Caminho. Durante estes três anos, mil dias, cientes dessa grande missão, vamos nos empenhar firmemente em nossas respectivas funções.

Dando continuidade às palavras do Shim- bashira, foi dito que:

“(...) devemos fazer esforços para atrair o maior número possível de pessoas a este Caminho e encorajá-las a se conscientizarem como instrumentos, e a praticarem os ensinamentos. Também devemos continuar a incentivar o maior número possível de pessoas que já se tornaram yoboku, mas que estão um pouco afastadas das atividades, a reafirmarem seus votos, para que seus esforços não sejam perdidos. Desejo ânimo e sucesso nas atividades decenárias.” (Jornal Tenri)

Não podemos desistir daqueles yoboku que estão atualmente um pouco afastados. Dependendo da situação, devemos continuar a ser diligentes e manter o sentimento de espargir novamente os ensinamentos. Isso impulsionará as atividades do Decenário.

Entramos no 2º ano do período dos três anos, mil dias, e justamente nesse momento, ocorreu um grande terremoto. Desde o início do ano, recebemos uma grande instrução que nos fez sentir uma tensão. Na Escritura Divina, está escrito:

Os desmoronamentos, os trovões, os terremotos e os tufões deste mundo são a ira de Tsukihi.

 (VI-91)

Trovões, terremotos, vendavais e inundações, estes são também o pesar e a ira de Tsukihi.

 (VIII-58)

Foi-nos instruído que os terremotos e outros desastres naturais são manifestações do pesar e da ira de Deus-Parens. Na saudação de ano-novo, do dia 4 de janeiro, o Shimbashira disse:

“Acredito que essa seja uma severa instrução sobre a inércia no amadurecimento espiritual de cada um de nós, que cremos nos ensinamentos de Oyassama e seguimos o seu caminho.”

Além disso, na Instrução 4, é mencionado: “são, também, orientações e manifestações do seu amor parental para incentivar todos nós, seus queridos filhos, a reformar o espírito.” 

Os desastres naturais não são instruções apenas às pessoas nas áreas afetadas. Considerando que este é o início do 2º ano dos três anos, mil dias, todos os seguidores do Caminho devem receber isso como uma séria instrução em seus próprios assuntos. Devemos fortalecer nossos corações e aprofundar nossa reflexão diante do pesar e da ira de Deus-Parens e, para o bem dos seguidores nas áreas atingidas pelo desastre que estão impossibilitados de se mover neste momento, devemos intensificar ainda mais as atividades do Decenário e nos esforçar para receber as graças de Deus-Parens. Embora este tenha sido um grande aviso de Deus, ainda assim devemos nos amparar nele e confiar em Oyassama, para sermos salvos. Mesmo que não possamos prestar socorro diretamente, temos como oferecer nossas orações diárias através do Serviço. Isso não significa que só nos resta o Serviço porque não podemos ir até lá no momento. Estamos orgulhosos e gratos por podermos realizá-lo.

Estamos sendo vivificados graças a este corpo emprestado por Deus. Quando nos são mostrados esses nós, o quão gratificante é a imensa proteção que recebemos diariamente. Sentir sinceramente a gratidão por esses grandes trabalhos e seguir firmemente o caminho da retribuição a Deus são fundamentais para corresponder à instrução divina.

Cada um de nós, carregando as predestinações das vidas passadas na alma, tomamos emprestado um novo corpo nesta vida e nascemos neste mundo. E esse é o seu eu de agora. Jamais devemos esquecer disso. Tomamos emprestado e vivemos em um corpo correspondente às nossas próprias predestinações. Portanto, é fundamental estarmos cientes de nossas predestinações e nos esforçarmos para cumprir nossos deveres em nossas vidas. No entanto, isso é algo difícil de fazer. Ainda assim, acredito que podemos nos esforçar. O caminho para cortar as predestinações passadas parece rigoroso, porém não é algo sombrio. Assim como não é possível alcançar a verdadeira alegria percorrendo pelo caminho com facilidade, também não podemos cortar as predestinações passadas trilhando uma vida fácil. Em vez de nos preocuparmos com a dificuldade do caminho íngreme, devemos olhar com entusiasmo para o que está além da subida, como Oyassama nos ensina em sua vida-modelo.

Além disso, o Shimbashira enfatizou que: “O período dos três anos, mil dias não é um preparatório para o dia 26 de janeiro do ano 189 da Revelação Divina, mas já é o momento oportuno.”

A meta no dia da celebração dos 140 anos tem foco em todo o período, e não é uma meta para fazer algo apenas no dia. Os três anos, mil dias em si é o foco das atividades do Decenário, e agora temos mais dois anos desse período. A caminhada nessa época oportuna da salvação e da evolução espiritual pode ser uma estrada íngreme. Entretanto, devemos considerar o nó do ano novo como um chamado urgente para nós e, conforme ensinados: “É para comprar a verdade, é para comprar a verdade com o seu valor”, vamos nos empenhar na verdadeira divulgação e salvação e trabalhar animadamente para que as graças de Deus-Parens sejam concedidas.

Muito obrigado pela atenção.

*é Diretor-Geral Administrativo da Sede da Igreja