627 Set 2023_Palestra

vida de ajuda mútua

Kyosuke Nakahara

Tendo ao centro o Primaz, acabamos de realizar animadamente e em união espiritual a cerimônia mensal de agosto do ano 186 da Revelação Divina. As minhas felicitações a todos os presentes.

Desejo explanar um pouco sobre o meu pensamento para cumprir a minha missão de hoje e, assim, gostaria de contar com a atenção de todos os senhores.

No capítulo III, “Razão da Origem” da Doutrina de Tenrikyo, temos: ‘Originalmente, este mundo foi um mar de lama. Tsukihi ou Deus-Parens, julgando insípida essa condição caótica, teve a ideia de criar os seres humanos e compartilhar da sua alegria, vendo-os viverem felizes, plenos de júbilo.’ Assim, pesquisando a palavra ‘felizes, plenos de júbilo’ no Dicionário da Tenrikyo, tem-se a explicação: ‘espírito animado e radiante’. De uma forma simples, creio que para nós, seres humanos, ‘felizes, plenos de júbilo’ seja o espírito de sentir a felicidade. Ainda, na segunda parte do Serviço, é ensinado: ‘Modelando pela terra e céu do mundo, Eu tenho criado marido e mulher. Isto é o princípio deste mundo’.

Além disso, penso que o casamento seja algo muito importante para nós, que temos como objetivo concretizar a vida plena de alegria e felicidade. Entretanto, vendo a realidade, não é bem assim. Talvez Deus-Parens esteja sentindo um pouco de pesar sobre isso. Não estou querendo dizer: ‘É preciso que todas as pessoas se casem.’ Deus-Parens ensinou o seguinte no sexto verso do Hino VII: ‘Não digo o que fazer obrigatoriamente; isso depende do coração de cada um.’ Significa que tudo depende do espírito de cada pessoa. Porém, ao refletir sobre a segunda parte do Serviço, acho que o casamento é realmente importante.

Falando sobre a minha família, o meu pai casou-se três vezes, e a minha mãe, duas vezes. No primeiro casamento, o meu pai separou-se da esposa por divórcio, no segundo, foi por retornamento da esposa por doença e, depois, casou-se pela terceira vez com a minha mãe. O primeiro marido da minha mãe foi para a guerra e retornou. Ela foi viúva de guerra. Nessa situação, ela se casou com meu pai logo após o término da guerra, em 1947. Com certeza, casaram-se em busca da felicidade, mas quando a minha mãe foi atraída para este Caminho, o meu pai, que era ateu, se distanciou da minha mãe. É uma imagem muito distante da vida plena de alegria e felicidade. A minha mãe, que passou a compreender e a seguir os ensinamentos, enquanto viva, sempre dizia: ‘O papai não tem nenhuma culpa. O erro está na mamãe que nasceu com esta má predestinação.’ Dizendo isso, nunca reprovou a atitude do meu pai.

Quando decidi fazer o Seminário de Teologia, Senshuka, a minha mãe falou: ‘Antes de ir ao seminário, vá comunicar ao seu pai, sem falta.’ Quando disse ao meu pai, ele falou lamentando: ‘Você também vai ser Tenrikyo?’

Sinto que é graças à fé da minha mãe que eu e meus irmãos crescemos sem sentir rancor do meu pai. Com certeza, foi graças à fé da minha mãe. A minha mãe, dizendo: ‘É preciso cortar a má predestinação’, esquecendo-se de si mesma, dedicou na condução à igreja, nas oferendas, na divulgação e na salvação. Entretanto, demorou muito para nascerem os brotos.

Se pensar agora, chego à conclusão de que o fato de eu estar me dedicando como condutor de igreja é possível graças à dedicação da minha mãe.

Gostaria de falar um pouco sobre os meus irmãos. O meu irmão mais velho casou-se por decisão própria e, após fazer o curso de mestrado na Universidade de Kyushu, foi trabalhar na Agência Nacional de Desenvolvimento Espacial, que atualmente é a Agência Japonesa de Exploração Espacial. Depois, foi responsável do Centro de Desenvolvimento Espacial de Tsukuba. Hoje já é aposentado e tem três netos.

O casamento da minha irmã mais velha não foi por decisão própria ou por apresentação. Foi decidido através da conversa entre o condutor da igreja-mor e esposa, entre os pais do noivo e da minha mãe. Lembro-me até hoje que, mesmo no dia do noivado, a minha irmã dizia: ‘Ainda não dei a resposta.’ Essa irmã teve cinco filhos e quatro filhas. Os nove filhos cresceram saudavelmente e todos já estão casados. Atualmente, a minha irmã tem 23 netos.

No meu caso, o casamento foi por apresentação. O pai da minha esposa, primeiro condutor da Igreja Cianorte, disse: ‘Se for para a minha filha continuar a seguir o Caminho aqui no Brasil, apesar de não a ter educado plenamente, ela poderá ir de casamento.’ Eu sempre pensava que ela seria uma ótima esposa, mas a última palavra foi do seu pai, o primeiro condutor.

Entretanto, houve uma recusa da igreja superiora, dizendo que ela não poderia ir para uma outra igreja. Mas, insistindo no pedido diversas vezes, finalmente, foi aprovado o casamento. Foi um casamento bastante difícil; porém, isso não quer dizer que não brigamos. As brigas são frequentes. Quando começamos a discutir, os meus filhos dizem: ‘Começou de novo. Não vamos dar atenção.’ Nós fomos agraciados com seis filhos e, atualmente, temos três netos. 

Tenho convicção de que tudo isso é o resultado do empenho da minha mãe em dedicar-se ao Caminho, esquecendo-se de si mesma, tendo a consciência de que: ‘é preciso cortar as más predestinações.’ Nos dias de hoje, sinto que chegou o momento de admirar a sua determinação.

Acabei falando a respeito da minha família e da minha vida, mas vou voltar ao assunto principal. Como disse, penso que o casamento seja algo muito importante em busca da concretização da vida plena de alegria e felicidade. E acho que a forma como isso ocorre pode ser diversa. Deus-Parens criou os seres humanos com a intenção de compartilhar junto a vida plena de alegria e felicidade. Assim, modelando pela terra e céu deste mundo, criou o casal. Aqui está o ponto que devemos almejar.

Gostaria de falar para as pessoas que ainda vão se casar: Não é preciso se preocupar muito com as formalidades, mas aceitar tudo naturalmente.

Seja por vontade própria ou por apresentação, pensar seriamente sobre o casamento, deixando de lado o pensamento que é algo trabalhoso. Assim, após o casamento, o importante é o esforço em fazer a ajuda e a salvação mútua entre o casal. Com isso, se tornarão marido e esposa exemplares que caminharão juntos rumo à vida plena de alegria e felicidade.

Para as pessoas que estão na idade de se casarem, creio que esta época oportuna visando os 140 anos do ocultamento físico de Oyassama seja um excelente momento para fazer a evolução espiritual através do matrimônio. Ficaria muito feliz se considerassem esse meu pensamento.

Assim, encerro as minhas palavras. Muito obrigado.

*é diretor da Sede Missionária e condutor da Igreja Saikai Brasil