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Sem discriminação

Liliana Nobuko Murata

No dia 8 de março, celebra-se em mais de 100 países o Dia Internacional da Mulher. Em meados de 1908, na cidade de Nova York, houve um movimento na qual milhares de mulheres marcharam exigindo melhores condições de trabalho, salários melhores e o direito do voto. A data do ‘Dia Internacional da Mulher’ teve origem em 1917, para celebrar a luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Porém ela somente se tornou oficial e passou a ser comemorada a partir de 1975 através da Organização das Nações Unidas (ONU).

Há milhares de anos vemos movimentos de mulheres lutando para serem reconhecidas e terem direitos melhores. Na antiguidade, a mulher chegou a ser considerada mercadoria a ponto de ser trocada por posses. Já na sociedade atual, a mulher é a dona de casa, mãe, esposa, irmã, filha, é a profissional trabalhando no lar e fora dele. Então, o que seria o papel da mulher dentro dos ensinamentos pregados pela Tenrikyo?

Por receber a providência divina do órgão genital feminino, possui o importante papel de gerar uma vida dentro de si e, por gerar, consequentemente a capacidade de criar e educar. Além dessa providência, à mulher foi lhe concedida o calor e a conexão como virtudes femininas, ou seja, o calor humano e a capacidade de conectar o coração das pessoas. 

Com apenas uma palavra, a mulher possui a capacidade de harmonizar ou desestruturar um ambiente; dependendo da forma como escreve uma mensagem ou texto, pode conectar ou desconectar relações; uma ação precipitada pode gerar uma grande confusão diferente de uma ação pensada com cautela. Com um sorriso consegue confortar uma alma desesperada diferente de um semblante duro e distante. 

Por vezes, pelo fato de nós, mulheres, realizarmos inúmeras tarefas no dia a dia, acabamos deixando escapar a nossa essência, nos desconectando do papel de mulher, buscando demonstrar a figura de um ser mais forte e ‘masculinizado’. 

Para isso, a sociedade atual, através de estudos e atividades relacionadas ao desenvolvimento humano, apresenta diversas ferramentas onde pode-se ativar a feminilidade que de acordo com o filósofo e psicanalista Lucas Sculeder as principais prioridades seriam em primeiro lugar conectar com Deus, em seguida cuidar de si mesma e por último cuidar dos outros.

Oyassama, Nossa Mãe, exemplificou de forma bastante simples através de sua vida-modelo a importância e necessidade de se ter um espírito alegre, bondoso, empático, grato e humilde. E que no trabalho em prol deste Caminho onde nosso maior objetivo é viver uma vida alegre e feliz, ‘não há distinção de homem e mulher’, ou seja, não existe um local onde a mulher deve se sentir inferior ao homem, pois a mulher também deve trabalhar dedicadamente como instrumento de Oyassama.

“Não há discriminação entre homem e mulher (...) Oyassama que iniciou este Caminho, foi mulher. Após, Honseki foi homem (...) É a razão do modo de entender e de ouvir.”    (ID de 26 de outubro de 1898)

(Liliana Nobuko Murata)