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observando com o coração

Sergio Mitsuo Ishikawa

Meu nome é Sergio Mitsuo Ishicava e sou yoboku da Igreja Bauru. Até 2 anos atrás, participei como membro da diretoria da Comissão dos Encarregados dos Estudantes, onde pude colaborar por cerca de 15 anos. Sou casado com Carmen e temos dois filhos: Renan e Julia. Sou formado em agronomia pela UNESP de Botucatu; este ano, completo 35 anos de carreira. 

Na época do vestibular, comentei com o segundo condutor da Igreja Bauru, rev. Shichiro Otake, sobre a possibilidade de prestar para agronomia e ele prontamente respondeu: “Que bom. Vai poder ajudar vários produtores, como os de tomate, que necessitam usar muitos produtos contra pragas e doenças, desenvolvendo plantas mais resistentes.” 

Ao me formar, trabalhei por nove anos em uma  empresa de sementes de hortaliças. Posteriormente, tentei um negócio próprio, em Bauru. E, desde 2008, estou me dedicando como servidor público estadual da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, na CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Atualmente, estou sediado na Casa da Agricultura de Paraibuna, na região do Vale do Paraíba, onde apoio o desenvolvimento regional, através de orientações técnicas e trabalhos educativos. 

No verão do ano passado, durante o preparativo de um campo demonstrativo de milho, voluntariamente acabei realizando uma tarefa exaustiva junto com os funcionários. E, no dia seguinte, tive um inchaço na região do pescoço (cervical). A princípio, pensei ser uma inflamação do tratamento dentário. Porém, ao realizar diversos exames, fui diagnosticado com câncer de oro faringe. Foram necessárias  duas intervenções cirúrgicas e tratamento de radioterapia durante dois meses. Acredito que Deus-Parens me deu a graça do diagnóstico e tratamento precoce da doença. 

Durante o tratamento, mesmo querendo, houve momentos em que não conseguia beber água, me alimentar e nem ter a sensação de paladar. A primeira coisa que me veio à mente foram as palavras da Oyassama: “Quando bebemos água, sentimos o gosto da água.” 

Neste momento, pensei: Durante muito tempo, dedicando-me na comissão, com os estudantes, transmitindo os ensinamentos com o coração, trabalhando para o desenvolvimento espiritual, acabei não percebendo a maravilhosa proteção e graça de Deus-Parens no dia a dia. Também percebi que, mesmo trabalhando com os produtores, produzindo o precioso alimento, na hora da refeição, apenas juntava as mãos de forma habitual. Ainda, creditava que os sucessos nas plantações eram devidos aos conhecimentos e experiências acumulados profissionalmente.

Hoje, apesar de ter o paladar ainda afetado, os alimentos ganharam mais sabor. E, no trabalho, tenho conseguido resultados extraordinários, merecedores de muita comemoração. 

O que mudou muita coisa na minha rotina? O que realmente mudou foi a postura do meu coração. Agora, procuro me esforçar em perceber e agradecer o extraordinário em tudo. Deus-Parens me deixou uma pequena lembrança da cervical ainda inchada, para nunca me esquecer desta postura.

Recentemente, recebi um convite de casamento com os seguintes dizeres: “Só se vê bem com o Coração. O essencial é invisível aos olhos...”