628 2023.Out_Opinião

Da origem, a evolução

Yoshie Kimura

Todos nós, que seguimos esta fé, fomos atraídos ao Caminho em determinado momento e de alguma forma; algumas pessoas, simplesmente nasceram já na Tenrikyo. O motivo que mantém acesa a chama da fé em nossos corações e nos faz conduzir a sinceridade a Deus é a gratidão por uma graça recebida ou o início da busca pela salvação; a isso, chamamos de ‘dia original’. Ou seja, é o motivo que, de alguma forma, nos manterá firmes rumo ao objetivo, que é usufruir a vida plena de alegria e felicidade.

A primeira geração da família Kimura ingressou na fé devido à enfermidade do filho recém-nascido, que acabou sendo desenganado pelos médicos, devido à Beribéri infantil, doença que afeta a função neural e cardiovascular, deixando a criança sem voz e nem força para chorar, levando-a a óbito.

Em meio ao desespero de ter que esperar pela morte do próprio filho, recebeu o espargimento da fé de uma seguidora da Igreja Ayanomoto, situada na cidade de Ayabe, na Província de Kyoto. Como um grande milagre, recebeu prontamente a graça ao determinar-se em dedicar a vida ao Caminho. Ouviu firmemente os ensinamentos e passou a entender a predestinação da família. Isso ocorreu no ano de 1922. 

A família Kimura possui a predestinação dos homens retornarem precocemente, por volta dos 40 anos de idade; as viúvas concluíam sozinhas a criação dos filhos e os homens não conseguiam conhecer os netos. Desejando cortar a má predestinação da família, o primeiro condutor e a esposa se dedicaram na prática da fé e se tornaram o primeiro casal da família a conhecerem juntos os netos.

Mas, com o passar das gerações, existe uma tendência de as pessoas irem se distanciando da fé, por não conhecerem firmemente a origem da própria fé. 

Na segunda geração, de cinco irmãos, um veio a retornar com 41 anos, mas quatro deles chegaram à terceira idade. Na terceira geração, já com a família bem maior, três homens retornaram, com 0, 29 e 41 anos de idade. E, na quarta geração, o meu filho veio a retornar com 29 anos de idade.

Certa vez, ouvi de um mestre que, se pudéssemos representar as nossas predestinações em uma cena, imagine a vida como uma grande estrada à margem de um grande rio. Sem sustentação espiritual, uma enchente de dificuldades poderia nos lançar nesse rio da maturação espiritual e seríamos arrastados pela correnteza dos infortúnios e levados para a parte profunda, onde perderíamos o chão e nos afogaríamos. Ao gritar por socorro, Deus-Parens lança a corda da salvação e ao agarrarmos a esta corda dos ensinamentos para sairmos do arrasto da correnteza, isto representaria a expressão da primeira geração de ingresso na fé. 

A segunda geração, que viu os pais quase se afogarem, sem hesitar, transita pela estrada segurando firme a corda dos ensinamentos e, mesmo que caia no rio, consegue se salvar pois ainda segura a corda dos ensinamentos. Ainda, conquista os bons ensinamentos da parte rasa do rio da maturação espiritual. 

A terceira geração não viu os seus avós quase se afogando e a passagem de seus pais segurando a corda da salvação pelo trecho mais raso do rio parece-lhe desnecessária. Ainda, existe uma tendência de soltar a corda dos ensinamentos, sem imaginar que uma grande chuva de insatisfação e ingratidão na cabeceira do rio vem formando uma tromba d´água que poderá arrastar a todos, sem piedade, para a parte profunda do rio.

Em qualquer época ou geração, o mais importante é conhecer a respectiva história da origem de sua fé. Conhecer a origem da fé significa entender que Deus-Parens criou a humanidade para viver a vida plena de alegria e felicidade. E, conhecer a origem da fé da família significa entender a razão para não se perder na trajetória rumo a vida plena de alegria e felicidade. 

Não sabemos quantas tempestades haverá ao longo de nossa caminhada, mas, para não sermos arrastados pela correnteza das dificuldades e infortúnios, é importante permanecer firmemente ligado à corda da salvação, que é a prática dos ensinamentos.

Se não fosse o fato de estar ligada à corda da salvação e entender a profunda predestinação que guiou os Kimura ao Caminho, dificilmente teria conseguido superar o nó do retornamento do meu filho. As predestinações são relembradas de tempo em tempo para não afrouxarmos o espírito. Acredito que não sou a única mãe a passar por este difícil nó, mas, sou grata por conseguir perceber quão grandiosamente estou protegida por Deus-Parens, que tem amenizado nossa predestinação através das gerações. 

Vamos todos, neste período oportuno que antecede o decenário de Oyassama, buscar as nossas origens e fortalecer o espírito para conquistarmos uma evolução digna de contentar a Oyassama eternamente viva.


*é diretora da Associação Feminina e esposa do condutor anterior da Igreja Jussara.