631 2024.jan palestra
demonstrar a evolução
Sergio Tadashi Ota
Bom dia a todos.
Felicitações pela magnífica realização da Cerimônia mensal de dezembro, tendo ao centro o Primaz, e também com a reverência de numerosas pessoas que compareceram no dia de hoje.
Há poucos instantes, recebendo a razão de Jiba, foi realizado alegremente e em harmonia o Serviço Sagrado e a Dança das Mãos. Tenho certeza de que Deus-Parens e Oyassama estejam animados e satisfeitos com a nossa dedicação e que tenham aceitado a nossa sinceridade no dia de hoje.
Gostaria de contar com a atenção de todos durante alguns minutos, onde procurarei expressar um pouco do meu pensamento sobre a importante época oportuna que estamos passando.
Hoje, manifestamos o nosso agradecimento pelas numerosas graças que recebemos neste significativo ano 186 da Revelação Divina e também, por ser o primeiro ano de atividades dos três anos, mil dias, visando os 140 anos do Ocultamento Físico de Oyassama, a ser celebrado em 26 de janeiro de 2026.
Durante todo este ano, aqui no Dendotyo, praticamente todas as atividades anuais como cursos e seminários e as atividades das associações voltaram a ser realizadas normalmente, sempre com a participação de numerosas pessoas. Creio que isso seja o resultado do esforço e do empenho de todos os yoboku e seguidores.
Hoje, temos a presença de muitas crianças e jovens que participaram do Curso de Koteki e que vão participar do Encontro de Língua Japonesa, Renseikai.
Todos nós já sabemos da importância da formação das crianças e dos jovens para a continuidade deste Caminho. O Primaz já nos transmitiu que uma das diretrizes determinadas pelo Dendotyo, para os três anos, mil dias, é a formação de recursos humanos.
Isso significa incentivar as crianças a participarem das atividades do Shonenkai, como o Tsudoi que será em janeiro próximo, e os jovens a participarem das atividades da Associação dos Moços e do Departamento das Moças. Ainda, temos o Curso de Doutrina, o Curso Estudantil e o Shuyokai, Seminário de Formação Espiritual, e o Curso de 1 Dia, nas regionais. Em Jiba, é realizado o Curso de Habilitação para Mestre do Caminho.
Sobre essa formação, na Instrução que acabamos de ler, é enfatizada também a importância de se transmitir a fé para as próximas gerações. Temos: “Oyassama começou sozinha este Caminho, e os precursores, tendo a vida-modelo como apoio do espírito, trilharam-no com muito empenho para que tivesse continuidade até nós. Herdando essa fé, de pais para filhos, de filhos para netos, cada passo acumulado se torna a ligação do Caminho por todas as gerações.”
Deus-Parens deseja a concretização da vida plena de alegria e felicidade. Para tal, é fundamental dar continuidade a este Caminho por todas as gerações. Ao mesmo tempo em que expandimos o Caminho através da divulgação e da salvação, não podemos negligenciar o fato de transmitir firmemente a alegria da fé aos nossos filhos e netos e às futuras gerações.
A maioria de nós que está presente hoje já é da segunda, da terceira e da quarta geração nesta fé.
O fato de termos herdado a fé dos nossos antepassados é devido à uma firme determinação espiritual feita pela pessoa da primeira geração, ou seja, após ser salvo por Deus-Parens, tomou a decisão de seguir com firmeza e seriedade os ensinamentos de Oyassama, como sendo o único caminho verdadeiro.
Além do mais, os antepassados praticaram intensamente o ensinamento. Este é o ponto mais relevante na vida de um seguidor. Não basta apenas fazer a promessa, mas o quanto se consegue seguir e cumprir no dia a dia o que foi prometido ou determinado, ou seja, praticar os ensinamentos.
Praticar os ensinamentos significa seguir a vida-modelo de Oyassama. E sobre a importância de se seguir a vida-modelo, está claramente explicado na Instrução 4: “Se não trilharem o caminho da vida-modelo, não será necessária a vida-modelo”.
Em referência a como realmente praticar a vida-modelo no dia a dia, gostaria de relatar um fato ocorrido com o primeiro Primaz, Chujiro Otake, durante a segunda guerra, em que ele ficou preso.
O primeiro Primaz Otake, durante a segunda guerra, foi preso por ser considerado líder religioso japonês. O Japão era considerado inimigo do Brasil. Ele ficou preso em São Paulo durante 14 meses, em 1942.
Em São Paulo, Chujiro logo foi levado à Delegacia de Crimes Políticos, onde já estavam presos os líderes das comunidades alemã, italiana e japonesa. Durante os pouco mais de 14 meses que permaneceu preso, Chujiro não esqueceu um dia sequer que era um yoboku, missionário tenrikiano e empenhou-se na prática do hinokishin. Limpou banheiros, ajudou os mais idosos e tentou sempre animar os presos com palavras de incentivo.
Ele disse: “Eu fazia normalmente o mesmo serviço e a limpeza. Creio que se deve ao fato de terem me ensinado, desde criança, a atitude do hinokishin. Por isso, passei a fazer também a limpeza da cuspideira que todos evitavam. Durante a prisão, a limpeza era feita por turno, mas quando chegava a vez de algum idoso japonês, sempre fazia em seu lugar. Certo dia, um amigo alemão muito inteligente e muito respeitado por todos, disse:
- Eu gosto muito dos japoneses e, por isso, tenho aceitado os pedidos dos mais velhos. Mas, como a limpeza do banheiro não é um serviço pesado, deixe que eles mesmos façam. Então Chujiro respondeu:
- No Japão, não permitimos que os velhos façam a limpeza, são os jovens que fazem. Nós, da Tenrikyo, fazemos os serviços que até os outros repudiam.
Certa vez, voltando para minha cela após terminar a limpeza do banheiro no lugar de um idoso, os alemães e italianos começaram a bater palmas. Não entendi o que estava acontecendo e continuei andando de volta para o meu lugar.
Assim, o meu amigo alemão perguntou se eu tinha entendido o que tinha acontecido. Respondi que não, e ele me explicou:
- Aquela vez, eu tinha dito para você parar de fazer a limpeza do banheiro no lugar dos velhos, mas você continuou. Depois, fiquei sabendo um pouco sobre a sua vida e descobri que era realmente um religioso. Um religioso que faz limpezas de locais que todos rejeitam.
Assim, nós conversamos a seu respeito e, se pudéssemos sair em liberdade, compraríamos alguma lembrança para você. Porém, como no momento isto não é possível, a única forma de retribuir e demonstrar o nosso reconhecimento pelo seu esforço e dedicação são as nossas palmas.
Continuando, Chujiro contou: Como sou muito sentimental e emotivo, agradeci a todos e, antes de começar a derramar as lágrimas, voltei para a minha cama e entrei debaixo da coberta e, pensando sobre o hinokishin ensinado pela Oyassama, senti que mesmo aqueles que não entendem a língua ou a doutrina, podem compreender através das nossas atitudes e ações. Como é gratificante. Agradeci profundamente a Oyassama e fiquei admirado com a sinceridade de todos.”
Tendo esse exemplo do reverendo Otake e de muitos outros mestres veteranos, nessa época oportuna dos três anos, mil dias, vamos nos esforçar em sempre passar o dia a dia com o sentimento voltado à prática da vida-modelo de Oyassama.
O motivo da Oyassama ter nos deixado o caminho da vida-modelo de 50 anos é em razão do seu desejo de salvar todos os seus queridos filhos. Cada passagem do caminho da vida-modelo pela qual Oyassama percorreu é a demonstração de que, ao praticarmos, com certeza iremos receber as providências para a nossa verdadeira salvação.
Continuando um pouco mais sobre a prática do hinokishin, na Instrução 4, tem-se apenas um pequeno trecho: “animando-se no dia a dia ao hinokishin”.
Como é do conhecimento, a prática animada do hinokishin foi ensinado como uma atitude de retribuir as providências que estamos recebendo de Deus-Parens no corpo que nos foi emprestado.
Em qualquer situação, Oyassama nos ensinou a sentir gratidão pelas imensas graças concedidas por Deus-Parens, principalmente pela saúde no corpo através das 10 providências divinas. É por esse motivo que podemos usar o corpo emprestado sem problemas para fazer as coisas do nosso cotidiano.
Animar-se diariamente no hinokishin é a base da vida plena de alegria e felicidade, e isto será a semeadura onde mais tarde veremos o nascimento de maravilhosos brotos.
O que vou contar agora é um relato de um jovem que escutei no site do Seinenkai, chamado Senben, onde existem muitos depoimentos sobre a coisa emprestada e tomada emprestada. Creio que muitas pessoas já devem ter visto e ouvido, pois os relatos também estão com legenda em português. Ele contou o seguinte:
Desde muito tempo atrás, no jardim do alojamento, sempre havia lixo caído de uma loja de conveniência vizinha.
Eu sempre limpava recolhendo as sacolas que eram usadas para colocar bolinhos de arroz e pão, bitucas de cigarro, latinhas, etc. Contudo, para minha surpresa, recentemente havia até cocô de cachorro caído no chão.
Certo dia, quando cheguei no alojamento na volta das compras com minha esposa, encontrei cocô de cachorro novamente.
Eu murmurei para mim mesmo: “Eu realmente gostaria que eles parassem com isso”. Então, minha esposa comentou: “Que gratificante poder pegar as virtudes que as pessoas deixaram cair”. Mas, pensei comigo mesmo:
“Posso facilmente recolher o lixo comum, mas cocô de cachorro? Vou colocar uma armadilha onde os cachorros fazem cocô, ou borrifar o jardim com algum produto que afasta cães e gatos, pensando que algum dia conseguirei encontrar o culpado e dar uma boa bronca”.
Como o incidente continuava a se repetir, achei que era hora de adotar uma abordagem mais séria, instalando câmeras de segurança. Então, entrei em um site de compras para procurar câmeras de segurança que fossem baratas e de boa qualidade, quando me veio à mente o comentário de minha esposa: “Que gratificante poder pegar as virtudes que as pessoas deixaram cair.”
Nós que estudamos a doutrina da “coisa emprestada e tomada emprestada” sabemos que este é o mundo que Deus-Parens criou e que conduz nossas vidas de maneira correta.
Portanto, como diz minha esposa, Deus está fazendo de tudo para que eu acumule virtudes por meio desse cachorro. Refletindo assim, em vez de ficar com raiva do dono por deixar o cocô do cachorro, deveria pensar:
“Muito obrigado por sempre permitir que eu acumule virtudes”. Pensei que deveria agradecer ao dono do cachorro por sempre me fazer acumular virtudes. Se pensar bem, o normal é ficar com raiva do dono.
Mas é exatamente nesses momentos em que é natural ficar com raiva que nós, que temos a liberdade de uso do nosso espírito, devemos mudar nossa perspectiva. Como temos no ensinamento, tudo depende da sinceridade do espírito de cada um.
Assim, se por acaso eu me deparar com o dono do cachorro, em vez de ficar com raiva e brigar com o dono, fazendo com que ele acumule poeiras em seu espírito, gostaria de lhe transmitir satisfação com sinceridade verdadeira. E, eu também deixo de acumular poeiras.
Bem, através desse episódio, dependendo unicamente do nosso espírito, ou seja, de como enxergamos uma certa situação, poderemos acumular poeiras ou acumular virtudes. Nessa época oportuna, será muito importante acumularmos virtudes no nosso dia a dia. Com certeza, Oyassama ficará muito contente e satisfeita com a nossa dedicação.
Como disse no início, estamos encerrando o primeiro ano das atividades decenárias, restando-nos apenas mais dois anos. Hoje, no site sobre os 140 anos do ocultamento físico de Oyassama, estava registrado que faltam exatamente 778 dias.
Creio que na visita doutrinária que todos receberam das respectivas igrejas superioras, foi incentivado o regresso a Jiba, em 2026, no ano do Decenário.
Como todos sabem, Jiba é o local original da criação dos seres humanos, a terra natal de toda a humanidade. No livro Doutrina de Tenrikyo, temos: “Jiba é o lugar ao qual foi concedido o nome divino de Tenri-Ô-no-Mikoto e onde, por essa razão, Oyassama permanece viva para sempre, protegendo todos os viventes”.
Significa que Oyassama está aguardando ansiosamente o regresso de todos nós. No livro Vida de Oyassama, temos: “Não posso deixar a quem vier a esta casa sair sem antes contentá-lo. Para mim, Parens, todos os seres humanos do mundo são meus filhos.” Esta é a manifestação do seu amor maternal de querer agradar e contentar todos que regressam a Jiba.
Este ano, em abril, um casal de yoboku regressou a Jiba para participar do Curso de Habilitação de Mestre, classe em português e o marido recebeu um grande presente de Oyassama.
Na verdade, há alguns anos, a esposa recebeu uma orientação de um câncer na mama e, após a ministração do Sazuke por muitas pessoas, do Serviço de Solicitação e do tratamento, pôde receber a graça da cura.
Muito contente e sentindo gratidão pela graça recebida, fez a determinação e regressou a Jiba, para agradecer a Deus-Parens e a Oyassama.
Em seguida, o marido também recebeu uma orientação, através de um câncer no intestino. Começou a fazer o tratamento e, no início deste ano, foi diagnosticado outro câncer no fígado.
O casal fez a determinação de regressar a Jiba em abril deste ano. Antes da viagem, disse ao marido para que, todos os dias, solicitasse a alguma pessoa da classe ministrar o Sazuke durante o tempo em que estivesse em Jiba.
Um dia antes da viagem, fez quimioterapia e regressou a Jiba. Em Jiba, após o Serviço da manhã, na residência de Oyassama, todos os dias alguém fez a ministração do Sazuke. Zen-Tyotyossama e a Yuko okussama também, por algumas vezes, ao terminar o manabi, ministraram o Sazuke, além de trazer oferenda da Oyassama.
Assim, um dia após voltarem ao Brasil, o marido fez novamente a quimioterapia e, após exames, foi constatado que não havia mais nenhum vestígio de câncer no fígado. Qual não foi a alegria e a emoção do casal por terem recebido essa maravilhosa graça.
Eu também, pude sentir novamente o profundo significado das palavras de Oyassama: “Não posso deixar a quem vier a esta casa sair sem antes contentá-lo.” E, de que ela está realmente trabalhando pela salvação de todos nós, seus queridos filhos.
Deste modo, nesse final de ano, além de manifestarmos a nossa gratidão por termos sido conduzidos satisfatoriamente nesse primeiro ano de atividades do decenário, para o ano que se inicia, vamos renovar a nossa determinação de continuarmos firmes e animados na divulgação e na salvação, tendo sempre no coração o sentimento de contentar e tranquilizar Oyassama eternamente viva.
Desejando boas festas e um excelente início de 2024, termino as minhas palavras.
Muito obrigado.
*é diretor da Sede Missionária e condutor da Igreja São Paulo