Massahiro Kimura
Bom dia.
Após muito tempo, recebi a incumbência de realizar a palestra da cerimônia mensal de março do Dendotyo. Vou tentar corresponder à expectativa de todos, da melhor maneira possível. Por isso, peço alguns minutos de atenção de todos os senhores.
De normal, sou muito tranquilo para fazer qualquer coisa. Então, a minha esposa sempre me pergunta se já escrevi a palestra. Eu sabia que estava escalado para a palestra, mas até o último dia 6, havia me esquecido. No dia 6, no dia da cerimônia mensal da Igreja Jussara, o meu filho, atual condutor, disse: “Depois que o senhor se tornou condutor anterior, não palestrou mais na cerimônia da igreja, né? Não poderia fazer hoje? Como o senhor precisa fazer a palestra no Dendotyo, dê uma treinada hoje!” Aí pensei: “Se o condutor solicitou, preciso fazer!” E, assim desempenhei a minha tarefa.
Hoje, desejo fazer uma retrospectiva dos meus 39 anos como condutor da Igreja da Jussara.
Na época da promulgação da Instrução 3 visando o centenário do ocultamento físico de Oyassama (1986), eu estava cursando o seminário Shuyoka da Sede e, diariamente, realizávamos a leitura da Instrução 3.
Na verdade, eu deveria ter realizado o Curso de Formação Espiritual, Shuyokai, no Brasil. Meu pai sempre dizia para eu cursar o Shuyokai quando tirasse férias do trabalho. Mas eu sempre protelava, pensando ser um desperdício gastar os 30 dias de férias para cursar o Shuyokai. Mas, chegou o momento em que meu pai adoeceu, e fui encaminhado a cursar o Curso de Formação Espiritual de três meses, o Shuyokai da Sede.
Deus prepara o caminho de cada um corretamente e, assim, tive que fazer o Curso de Formação Espiritual da Sede, Shuyoka de três meses, em Jiba, no Japão, para aprimorar o meu espírito. Se tivesse prestado o Shuyokai de 28 dias, no Brasil, não seria o suficiente para me preparar. Ainda, com o regresso a Jiba, tive a graça de conhecer a minha esposa. Entretanto, no segundo mês do Shuyoka, meu pai veio a retornar (falecer).
Assim, o condutor da igreja superior me orientou a concluir todos os cursos necessários para me habilitar a ser condutor de igreja. Acabei ficando seis meses em Jiba até receber a permissão de condutor de igreja.
Antes de voltar ao Brasil, o avô do atual condutor da igreja superior, na época condutor, disse que sempre que visitava a Igreja Jussara, a primeira coisa de que se lembrava era do piso de terra batida do refeitório. E a primeira coisa que eu deveria fazer era construir um novo refeitório, visando o centenário de Oyassama. Como eu era inexperiente, apenas respondi: “Sim, entendi!”
Assim, conversei com os diretores e todos falaram que o momento, a situação não era boa. E, no ano seguinte, ao regressar a Jiba no ano seguinte, expliquei a situação ao condutor da igreja superior e ele respondeu: “Você, como condutor de igreja, se estiver com este sentimento, nunca vai conseguir fazer nada. Você precisa ter o sentimento de desejar realizar, mesmo que sozinho! Este refeitório vai alegrar todos os fiéis.” E, antes de eu partir de volta ao Brasil, o condutor me entregou um envelope. Era um envelope de congratulação, e ele me disse: “Quando eu for ao Brasil, desejo inaugurar o novo refeitório!”
Voltando, conversei novamente com os diretores e mostrei o envelope que recebera. Falei: “Se ninguém quiser fazer, eu vou vender o meu carro e vou iniciar a obra.” Neste momento, todos falaram: “se o senhor está com esse sentimento, vamos fazer!”.
Desta forma, no meu primeiro decenário de Oyassama, recebemos a graça de concluir o novo refeitório. E, após encerrada a festividade do centenário de Oyassama, o condutor da igreja superior veio ao Brasil e congratulou a Igreja Jussara, dizendo que dentre as 360 igrejas filiadas à Igreja-Mor Kawaramachi, a Igreja Jussara foi a que teve o maior número de habilitações de Mestre do Caminho, e, ainda, quase conseguiu dobrar o número de Yoboku.
No ano dos 110 anos do ocultamento físico de Oyassama, fizemos uma pequena construção. Com a dedicação de todos, conseguimos construir um alojamento com dois quartos, almoxarifado, sala de banho com três chuveiros e banheiro.
Agora, nos 120 anos do ocultamento físico de Oyassama, no período de atividades dos três anos, mil dias, a igreja superior fez a determinação espiritual de ministrar 20.000 Sazuke. Assim, recebendo esta orientação, todos da Igreja Jussara se dedicaram de corpo e alma durante este período e recebemos a graça de poder ministrar 18.000 Sazuke.
E, antecipando a celebração dos 130 anos o ocultamento físico de Oyassama, realizamos a troca dos três altares.
Nos 130 anos do ocultamento físico de Oyassama, recebemos a graça de fazer a troca do telhado do recinto de reverência. Era uma obra grande que vínhamos protelando desde a época do condutor anterior, que estava incomodando anos e anos, desde a época do meu pai.
Entretanto, há pouco mais de cinco anos, recebemos uma grande orientação com o retornamento precoce do meu filho Haruo. Como condutor, não recebi a graça de poder salvar o meu filho. Tudo faz parte da evolução de cada um, é um grande nó no Caminho. Mas, por outro lado, através da circunstância do retornamento, penso que o meu filho foi um grande instrumento para eu poder orientar os fiéis doravante.
Antes de transmitir o cargo de condutor para o meu filho, Massanori, disse que um dos sonhos do Haruo era construir um alojamento. Assim, ao se tornar condutor, falei que gostaria que sua primeira construção fosse o alojamento. O alicerce inicial foi realizado através dos envelopes de condolências recebidos.
Então, nossa determinação foi de concluir as obras até os 140 anos do ocultamento físico de Oyassama. Entretanto, no ano retrasado, meu filho, já condutor, regressou a Jiba e voltou dizendo que o condutor da Igreja-Mor viria no ano seguinte para inaugurar o novo alojamento.
E vejam como é impressionante. Com grande esforço de todos, até o condutor-mor chegar, conseguimos concluir as obras e o alojamento foi inaugurado sem problemas.
Quando pensávamos que o restante do período até os 140 anos do ocultamento físico de Oyassama seria tranquilo, recebemos a grata orientação do primaz de que o reverendo Daisuke Nakayama, presidente mundial da Associação dos Moços e sucessor do Shimbashira (primaz mundial), faria a visita doutrinária à Igreja Jussara. Ambos os eventos foram de muita satisfação e alegria.
Depois que eu transmiti o cargo de condutor, realizei o regresso a Jiba para agradecer pelos 39 anos de dedicação como condutor. Na Terra Parental, fui convidado pela senhora Nobue, esposa do reverendo Daisuke Nakayama, a servir de guia no museu da Sede que expõe fatos dos missionários imigrantes pioneiros no Brasil, dizendo que gostariam de entender melhor o início do Caminho no Brasil. Porém, no dia, reverendo Daisuke não pôde comparecer e a senhora Nobue fez a gravação de áudio da visita.
No dia seguinte, a senhora Nobue ligou, dizendo que a gravação não ficou boa e o Shimbashira pediu se eu não poderia servir de guia mais uma vez, para ele e a esposa, Harue, no dia 20. Desta forma, ao regressar a Jiba para realizar a reverência de agradecimento, também recebi de presente a inestimável honra de poder contar a história do Caminho Brasil ao Shimbashira e esposa.
Por isso, penso que devemos sempre nos dedicarmos tendo a vida-modelo de Oyassama como base. Realizando tudo com sinceridade, sem pensar nas próprias conveniências, Oyassama fará sempre a condução e concederá a graça.
Na Instrução 4, consta: “Se não trilharem o caminho da vida-modelo, não será necessária a vida-modelo. (...) Não há outro caminho a não ser o da vida-modelo.”
Significa que, realmente, é a dedicação de cada um. Sempre, devemos realizar quaisquer ações refletindo dentro da vida modelo de Oyassama.
Desta forma, eu desejo dar prosseguimento, dedicando-me com alegria a todas as tarefas a mim incumbidas, principalmente neste ano de conclusão das atividades decenárias rumo aos 140 anos do ocultamento físico de Oyassama, de forma a tranquilizar e alegrar a Oyassama eternamente viva.
Agradeço a atenção de todos.
Muito obrigado!
*é diretor da Sede Missionária