Capítulo III - Dez Providências
A História da Criação revela que as oito providências descritas não são entidades independentes. Tsukihi tomou os seis primeiros, assimilando seus sabores espirituais. Também Tsukihi, especificadamente, introduziu-se nos corpos de Izanagui-no-mikoto e Izanami-no-mikoto, protótipos de homem e mulher, para ensinar-lhes a providência divina da criação humana. Em outras palavras, estas oito providências são somente referências na criação humana após Tsukihi, Deus-Parens, unificá-los, conforme a intenção do Parens.
Oyassama ensinou-nos as providências de Deus-Parens de maneira que possamos facilmente compreender como é o constante trabalho divino em nossos corpos e no mundo. Nós devemos sempre nos lembrar do amor maternal de Oyassama, que nos explanou a História da Criação, tomando lugar no mar de lama, usando uma variedade de símbolos, para que dessa maneira, as pessoas ao seu redor pudessem compreender as dez providências divinas.
Capítulo IV - Fogo, água, vento (hi, mizu, kaze)
A expressão “fogo, água, vento (ar)” é utilizada para descrever as providências divinas em ação. Fogo é a providência divina de Omotari-no-mikoto (Sol). Água é a providência divina de Kunitokotati-no-mikoto (Lua).
Oyassama ensinou as providências divinas descrevendo-os em dez aspectos e dando a cada providência um nome divino (capítulo anterior). Oyassama também ensinou que, entre as dez providências, Kunitokotati-no-mikoto e Omotari-no-mikoto são as manifestações de Tsukihi (Lua-Sol) ou Deus-Parens, que é o Deus Original e o Deus Verdadeiro.
Fogo e água, temperatura e umidade, o Sol e a Lua, terra e céu, dia e noite – enquanto todos estes possam parecer ser opostos, toda a forma de vida é sustentada por estes opostos, complementando-se entre si e tornando-se um só, o qual é descrito na Tenrikyo como “dois em um”.
Fogo e água, calor e umidade: estes elementos compõem a formação de nossas vidas. Podemos dizer que a concessão do fogo e água enche nossos corpos e o ambiente natural que nos rodeia.
Ademais, pode-se dizer que, uma das manifestações do trabalho conjunto do fogo e da água, atuando como um só, é o vento no mundo e a respiração no corpo humano. Desnecessário dizer que, sem respiração não há como nos mantermos vivos.
Entretanto, as providências divinas do fogo, água e vento, que permeiam, enlaçam e sustentam a nossa vida, nem sempre permanecem em um estado calmo e gentil. Às vezes, a vizinhança pega fogo, ou a água inunda cidades, ou o vento se intensifica a ponto de se tornar um furacão. Estes fenômenos são também trabalhos da providência do fogo, água e vento. Dessa maneira, nós podemos sentir o extraordinário trabalho e concessão de Deus através da expressão “fogo, água, vento.”
Capítulo V - Razão, verdade (ri)
O termo “ri” é frequentemente mencionado na Tenrikyo. Uma vez que é utilizado em uma ampla variedade de contextos, é muito difícil dar um simples sumário de sua gama de significados.
O caractere chinês da palavra ri originalmente significava o polimento de uma gema, enfatizando as suas características e particularidades. À medida que se vai polindo a gema, vai se extraindo a sua essência. Dessa forma, a partir de significados como extrair a essência das coisas, explorar, guardar, assimilar, vem sendo usado, atualmente, com o significado de “razão”, “verdade”, “lógica”, ou “imutável princípio.”
No Caminho também pode ser usado com esse significado geral em frases como: “fazer ... é um princípio (= lógica, razão)”, ou: “fica nervoso porque quer impor os próprios motivos (razão) sem respeitar a razão alheia)”. Entretanto, há um significado de ri que é único para o Tenrikyo. É a primordial definição que se refere à providência divina – que criou o mundo, os seres humanos, e tudo o mais nele – assim como o princípio fundamental do cosmo, a lei da existência, e o caminho que os seres humanos sabem que devem seguir. Refere-se à manifestação da milagrosa proteção de Deus-Parens que guia e indica tudo neste mundo com o seu profundo amor parental. Este significado está contido em expressões como “a razão celestial”, que aparece, por exemplo, nas seguintes palavras de Deus: “A sinceridade é a razão do céu. Como razão celestial, receber e retribuir imediatamente é uma verdade”. (Okakissage)
Ainda, está registrado nos versos da Escritura Divina:
Este é o mundo conduzido por meio da razão, e conduzirei tudo com a razão da poesia. (ED I-21)
“Ri” – traduzido aqui como razão – que aparece neste verso, também tem o mesmo significado. Descreve como o mundo é construído pela providência divina e como todas as coisas estão sob o comando e proteção da razão celeste em todo e qualquer momento. A Escritura vai além e diz que, se nós, seres humanos, nos desviarmos da razão celeste, Deus irá nos orientar através deste poema.
Ainda, ao mesmo tempo em que se refere aos princípios do céu, que são mantidos pela milagrosa proteção de Deus-Parens, às próprias providências concedidas por Deus-Parens, “ri” refere-se também à profunda intenção de Deus. Expressões como “assimilar a razão no espírito” e “corresponder à razão” refletem este uso. Também, nas instruções de Oyassama em relação ao Serviço, foi dito: “Estes são os hinos da razão, por isso, dança-se de acordo com a razão. (...) Não é dançar simplesmente. É representar a razão com os movimentos.” (Vida de Oyassama, Ep.12). Esta instância do ‘‘ri’’ – traduzido aqui como ”razão” – também se refere à intenção de Deus-Parens, assim como os ensinamentos e o profundo significado embutido nas palavras e expressões inseridas nos hinos.
Quando “ri” é traduzido como “razão“, como em “razão da coisa emprestada, tomada emprestada”, refere-se ao significado e conteúdo do ensinamento transmitido.
(continua na próxima edição)