Desde pequena, sempre escutava minha mãe dizer “arigatai, arigatai”, agradecendo pelas situações vividas no dia a dia, que nem sempre eram tão gratificantes. Devido a minha imaturidade não compreendia o porquê de agradecer tanto, por tanta coisa que até não eram tão boas. 

Relembrando, naquela época, éramos uma grande família, morávamos com nossos avós, tios e primos, no sitio localizado na divisa entre Bauru e Piratininga. 

E, houve uma época em que famílias de imigrantes vindas do Japão, os “Tenri Imin”, cujo objetivo era a divulgação da fé no Brasil, ficavam cerca de um ano nos trabalhos agrícolas, até se estabelecerem no missionamento, ao qual haviam planejado se dedicar no Brasil. Minha mãe, junto com esta ‘grande família’ se dedicou no cultivo da terra e no relacionamento com as demais pessoas, com muita força de vontade, para sobreviverem ao ambiente em que foram inseridas por Deus-Parens.

Oyassama ensinou que  vivemos várias encarnações; ensinou que a morte é o retornamento, pois morremos e voltamos a renascer. Ao nascer, não nos lembramos das vidas passadas; assim, tudo que fizemos de bom ou ruim serão esquecidas. Porém, nesta vida, acontecem situações em que não foram planejadas, como a tristeza e o sofrimento. E nos perguntamos o porquê de estarmos vivendo toda essa situação. O esquecimento nos faz pensar que não cometemos erros e não somos tão ruins a ponto de prejudicar as pessoas.

A palavra japonesa arigatai é traduzida para o português como obrigado. No Tenrikyo, há a palavra ‘tanno’ ou satisfação sincera, que Oyassama nos ensinou que é sentir-se plena de alegria, sem se desanimar, entendendo e aceitando todo acontecimento como uma manifestação da intenção divina. 

Toda semente plantada, um dia dará frutos. Há casos em que plantamos uma determinada semente, esperando colher os melhores frutos, porém, o que nascem são matos. Nesses momentos, nos revoltamos, acreditando que fomos injustiçados, esquecendo-se de que no passado, essa semente fora plantada. 

O que nos falta é a lembrança desse ato, mas conscientizando-se das causalidades das vidas passadas e aceitando com satisfação sincera, nos levará a maturação espiritual, tão desejada por Deus-Parens. Quando o sentimento de satisfação sincera ficar firme no nosso espírito, as más causalidades acumuladas nas vidas passadas serão extintas. Então,  a satisfação sincera é o arrependimento das más causalidades das vidas anteriores.

Minha mãe sofreu muito com problemas respiratórios, tinha enfisema pulmonar e precisou ser internada diversas vezes. Mesmo assim, ela fez divulgação e salvação ministrando o Dom do Sazuke, levando conforto a muitas pessoas e viveu até os 80 anos de idade. E meu pai, se dedicou por longos anos indo diariamente, de manhã e de tarde na limpeza do recinto de reverência e no Serviço Sagrado da Igreja Bauru e hoje ele tem 101 anos de idade e ainda é condutor de Casa de Divulgação. Creio que eles receberam muita graça divina por terem passado com sentimento de satisfação sincera, mesmo tendo que passar por grandes sofrimentos. 

Oyassama transmitiu os ensinamentos de Deus-Parens através dos Hinos Sagrados, Escritura Divina e Indicações Divinas e nos deixou a Vida-Modelo, praticando pessoalmente um guia de como viver. Seguindo o exemplo deixado por ela, chegaremos ao tão desejado estado de vida plena de alegria e felicidade.

Yuka Sakai, esposa do condutor anterior 

da Igreja Piratininga