642 2024.DEZ_Opinião 1

Dedicar amor ao próximo

Itsumi Nozu

Penso que, como seres em evolução, é natural considerar que o mundo sofra mudanças. No entanto, uma fala de um mestre espiritual no Congresso da Felicidade deste ano me fez parar para refletir.

O que ele trouxe é que há mudanças hoje que mexem com as referências mais profundas de algumas gerações, como a inteligência artificial e a revolução de gêneros, como se o mundo estivesse nos exigindo atingir um outro patamar de evolução espiritual. 

Olhando de forma mais atenta, vejo que o mundo sofreu muitas transformações que vamos normalizando, até que elas comecem a nos causar incômodo, como a que o mestre se referiu. 

Do ponto de vista da ciência e da tecnologia, vemos grandes avanços que trouxeram mais conforto, comodidade e praticidade para a vida de todos, em graus diferentes, é verdade. No entanto, quando falamos em inteligência artificial, parece uma ameaça a uma grande parte da população. Além disso, se não tomarmos cuidado, somos levados ao consumismo, o que já está nos levando a um consumo de recursos naturais maior do que a capacidade de regeneração da Terra, comprometendo, inclusive, a continuidade da vida no planeta.

Por outro lado, a sociedade, composta por seres individualmente únicos, mas que se reconheciam conectados a outros indivíduos em larga escala por uma ideologia, fé, proximidade, agora parece cada vez mais fragmentada, com número crescente de grupos de gêneros identitários, sociais, raciais, sexuais, políticas etc., com aumento de radicalismos, cada qual defendendo sua posição, e do isolamento, para tentar não correr riscos de solidão e/ou da decepção. E dentro deste cenário, o que encontramos são muitas pessoas sofrendo por depressão, ansiedade, autoestima baixa, ou por terem sido atingidas por desastres naturais e/ou eventos severos do clima.

Porém, independente do quadro, o desejo de Deus-Parens segue inalterado. Por isso, nos mostra o ensinamento da ‘coisa emprestada, tomada emprestada’ com uma razão impressionante: um mundo que nos provê tudo que é necessário para a manutenção da vida e nos concede a liberdade de espírito para todos juntos fazermos acontecer o mundo da vida plena de alegria e felicidade.

As mudanças ocorrem para que possamos seguir sempre evoluindo, e, diante do cenário atual, penso que estamos, realmente, sendo solicitados a aplicar os ensinamentos no dia a dia espelhando-nos na vida-modelo de Oyassama. 

É urgente que mudemos nossa conduta de forma a vivermos de acordo com a intenção de Deus-Parens, tanto lembrando que habitamos o corpo de Deus, na nossa relação com a natureza e no uso de recursos, quanto na nossa relação com as pessoas, nossos irmãos, determinando no coração o desejo sincero de ajudar e salvar as pessoas. 

Focando na parte relativa às pessoas, não dá para dizer que é algo fácil, por todo o contexto apresentado. No entanto, podemos começar por estabelecer firmemente a intenção em nosso coração, como a de colocar nossos talentos e dons a serviço dos outros de forma amorosa e sem interesse em obter qualquer retorno, solicitando ajuda a Deus-Parens e Oyassama. 

Desde que sigamos cultivando-a, esta intenção começará a se materializar na forma de atitudes e ações de respeito e ajuda que alegram outras pessoas. Então o coração se enche de uma alegria e gratidão indescritíveis, sentindo o poder de transformação que têm os talentos que Deus-Parens nos concede, quando colocados a serviço de algo maior. Essa alegria se torna o combustível para aumentar nossa autoestima e autoconfiança, impulsionando-nos a praticar mais e mais, e acaba moldando nossa nova forma de ser. 

Acredito que isto alegra Oyassama e Deus-Parens, e, por isso, se torna uma contribuição para um mundo mais harmonioso e alegre, com a conexão e a confiança entre as pessoas fortalecidas.

Neste último ano que antecede a Cerimônia Decenária do Ocultamento Físico de Oyassama, vamos nos esforçar ao máximo para vivermos num círculo virtuoso para a concretização do mundo da vida plena de alegria e felicidade.

*é Yoboku da Igreja Curitiba