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Acumulando virtudes

Fumiko Ohnuma

Bom dia a todos!

Recebi a incumbência de fazer a palestra da cerimônia mensal de novembro. Solicito, então, a atenção dos senhores por alguns minutos.

A fé na minha família começou com meus avós; portanto, sou da terceira geração no Caminho.

Nasci e cresci na igreja Shoukei, filiada à igreja-mor Ushigome, no Japão.

Conheci meu marido no Seminário de Tenri, Senshuka, na Terra Parental, Jiba. Ele era meu colega de classe.

Em 1969, casamo-nos no recinto da Residência de Oyassama, em Jiba, e, desta forma, vim com ele ao Brasil no último navio de passageiros desta rota, que durou um mês.

Como japonesa, não tinha ideia sobre o Brasil. Desculpe-me, mas pela ignorância, imaginava que era um lugar com indígenas, florestas e muito mato... Lembro-me de ter perguntado ao meu marido, se no Brasil havia água encanada, eletricidade, etc.

Quando cheguei ao Brasil, como não sabia falar o idioma português, lembro-me muito bem de sentir muita dificuldade para me comunicar com as pessoas durante os primeiros três anos.

Na época, também não havia a possibilidade de ter convênio médico como agora. Então, quando um filho adoecia, era muito difícil ter acesso ao hospital. Nesses momentos, o que eu podia fazer era ministrar o Sazuke.

Acredito que graças aos ensinamentos da Tenrikyo é que vivi bem até os dias atuais e ser quem sou hoje.

Penso que Deus-Parens e Oyassama sempre nos protegem, conduzindo-nos por um caminho preparado cuidadosa e calorosamente para cada um. É uma trilha em que vamos construindo um caminho de forma mais promissora e segura.

Acredito que, quando temos algum problema, devemos agir, refletindo antes: “O que Oyassama faria nesta situação?” 

Quando jovens e imaturos, conseguimos compreender os ensinamentos com a mente, mas não é fácil entender profundamente com o coração.

Com o passar dos anos, olhando para trás e refletindo como tem sido nosso percurso, aos poucos, não estaríamos compreendendo com o coração?

Creio que só pude compreender realmente o ensinamento sobre “coisa emprestada e tomada emprestada”, quando já tinha mais de 60 anos de idade. Foi na ocasião em que fraturei o ombro direito e fiz fisioterapia por um ano e percebi nitidamente a magnífica força de recuperação do corpo emprestado por Deus-Parens. Percebi vividamente minha predestinação e o quanto estava recebendo a graça.

Penso que ter a consciência da predestinação e compreender profundamente a razão do ensinamento sobre o corpo emprestado geram em nosso íntimo a certeza de que tudo está sempre sendo conduzido para o melhor.

Passamos a crer que seria possível ir consertando aos poucos os nossos maus hábitos. Além das oito poeiras, Oyassama alertou dizendo que detesta a “mentira e a lisonja”. Estas duas palavras estão fortemente registradas em mim e, por isso, tenho me policiado para jamais praticá-las. Ao me esforçar em limpar minhas poeiras e maus hábitos, cresce em mim a sensação de que cada vez mais meus procedimentos ficarão mais bem direcionados.

Outra coisa extremamente importante é realizar o Serviço sagrado diariamente, sem falha. É possível realizar o Otsutome (Serviço sagrado) em qualquer lugar, mesmo que não possua o altar divino em casa.

De manhã, ao acordar, e de noite, antes de dormir, independente das variações de horário, ao fazer o Serviço com sinceridade e sem falta, Deus-Parens fará a limpeza do nosso coração.

Quando mantemos o nosso quarto limpo, podemos facilmente encontrar algum objeto que derrubamos. Porém, se o quarto estiver sempre sujo e bagunçado, teremos dificuldade em encontrar quaisquer objetos. Assim também é o espírito. Se fizermos sempre o Serviço, quando Deus-Parens, Oyassama quiserem nos orientar de algo, receberemos o aviso rapidamente.

Neste Caminho aprendemos que tudo o que fazemos, seja bom ou ruim, retorna a nós mesmos.

Quando meu avô foi diagnosticado com câncer de estômago, ouvi dizer que, normalmente, na fase terminal, o paciente não consegue ingerir nenhum alimento. Porém, no caso dele, até o último dia de vida, conseguiu se alimentar com papa de arroz. Quando parei para refletir sobre essa graça, fiquei sabendo que ele fazia a oferenda de 60kg de arroz para Jiba mensalmente. A virtude acumulada sempre retorna a nós mesmos. Por isso, nenhuma dedicação é em vão; toda virtude semeada brotará! Deus certamente aceita a razão dedicada.

Eu completei 77 anos de idade este ano e sinto o quão maravilhoso é este ensinamento. Desejo que todos também se apaixonem por este Caminho certeiro, acreditando, sinceramente, no ensinamento de Oyassama.

Realizar-se é uma predestinação. Não se realizar também é uma predestinação. O que acontece é a Razão do céu.

Quero vivenciar cada dia concedido com o coração radiante! Muito obrigada!

*é condutora da Igreja Arapongas e diretora da Associação Feminina