628 2023.Out_Meu cotidiano
dedicação ao próximo
Rosa Emi Oshiro
Meu nome é Rosa Emi Oshiro. Sou a quinta filha da grande família Ishii, da Igreja Tsu Hakuryu. Nasci em Mogi das Cruzes/SP e cresci sempre ouvindo a minha mãe dizer que nasci em uma época em que a minha família passava por muitas dificuldades, principalmente financeiras. Tudo era muito difícil, pois tinham acabado de se mudar para a cidade. Mas, graças à dedicação e a fé de meus pais no Caminho dos ensinamentos de Deus-Parens e Oyassama, conseguimos superar muitos problemas e obstáculos, e, hoje, sou formada em Enfermagem.
Escolhi esta profissão porque meus pais diziam que era uma ótima profissão, em que poderia dedicar em cuidar de enfermos e ser útil à humanidade, pois esse era o ensinamento da Tenrikyo. Mas meus pensamentos eram muito levianos naquela época; não imaginava e nem tinha ideia de como era difícil a realidade da carreira de enfermagem. Ser enfermeira é dedicar atenção e cuidados integralmente ao paciente, sem saber a quem e sem qualquer discriminação. Hoje, imagino o quanto a Oyassama se dedicou à salvação das pessoas, tratando-as igualmente com amor e muita paciência, como seus queridos filhos.
Após me formar, fui morar, inicialmente, na cidade de São Paulo, em um apartamento de república. Tive muitas experiências e aprendizagens na área. Depois, passei no concurso para trabalhar no Hospital das Clínicas de São Paulo, período em que também cursava pós-graduação em Saúde Pública, na USP (Universidade de São Paulo).
Minha mãe abriu uma escola de Língua Japonesa dentro da Igreja, onde a minha irmã mais velha dava aula. Entretanto, minha irmã ganhou uma bolsa para estudar no Japão e, então, minha mãe pediu para que eu voltasse à igreja, para dar continuidade às aulas.
Fiquei pensativa e hesitei, pois tinha que largar tudo que conquistara: o emprego, o estudo e o apartamento que estava dividindo com as amigas, na república. Foi uma decisão muito difícil, mas ponderei que tudo que tinha conquistado até aquele momento, foi graças aos meus pais, que tinham financiado todo o curso, a muito custo. Então, imaginei que precisava fazer a retribuição de alguma forma: dedicando-me na igreja e contentando os pais.
Não me arrependo da escolha que fiz, pois tive a oportunidade de evoluir espiritualmente, ajudando nos afazeres da igreja. Ainda, nessa época, fui convidada para ser membro do Departamento das Moças, da Associação Feminina do Brasil. Tive a oportunidade de participar do Encontro das Moças, na Sede da Igreja, em Tenri, no Japão, quando fui chamada a fazer a leitura da dedicatória na frente de milhares de pessoas de diversos países, na língua japonesa. Foi tudo muito emocionante, mas tenso. Tudo foi graças a Deus-Parens e Oyassama, que me deram essa oportunidade única na minha vida.
Hoje, sou casada, tenho duas filhas maravilhosas, e atuo como enfermeira há 27 anos. No Hospital Público Municipal de São Paulo, já estou há 21 anos. O hospital tem capacidade de 400 leitos, mas como todo hospital público, acaba recebendo mais pacientes do que a sua capacidade. Trabalho no setor de Centro Cirúrgico, onde são realizadas em média 450 a 500 cirurgias por mês. Recebemos muitas demandas de urgências e emergências a todo momento e de toda a especialidade cirúrgica. O hospital é especializado em cirurgias de trauma, como ortopedia, neurocirurgia e também, é referência em queimados.
Entre muitos serviços e plantões, faço o máximo para tirar folgas para poder reverenciar a cerimônia mensal da minha Igreja. Também, eventualmente, auxilio na enfermaria do espaço Tasukeai, na Sede Missionária, e na enfermaria do Tsudoi – Encontro da Crianças.
Iniciei como voluntária no Tsudoi quando a minha primeira filha participou do Tsudoi pela primeira vez. Como ela tinha dificuldade de dormir à noite, fui junto para dar mais confiança a ela. Daí em diante, fui participando de sucessivos Tsudoi e me sinto muito grata por poder ajudar e ver a alegria nos sorrisos de cada criança, participando do maravilhoso evento que é o Tsudoi.