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o último dos ensinamentos

Jorge Minuru Egami

Apesar da firme e obstinada convicção que mantinha em relação aos seus ensinamentos, Oyassama jamais deixou de respeitar as demais religiões existentes. Conta-se que ela sempre instruiu seus seguidores a prestar reverência quando passassem diante de algum templo, quer fosse budista ou xintoísta. 

Em um dos momentos em que enfrentou a incompreensão e a perseguição das autoridades religiosas, Oyassama foi convocada para depor a respeito da doutrina que pregava. Constatou-se, então, que seus ensinamentos aparentemente divergiam daqueles que estavam registrados nas antigas escrituras japonesas, conhecidas como Kojiki e Nihonshoki, que contavam a história dos deuses mitológicos da antiguidade do Japão.

Ao ser indagado pelas autoridades se ela considerava que as afirmações contidas nessas antigas escrituras eram falsas, Oyassama respondeu-lhes que tudo o que esses documentos diziam era verdadeiro, ressaltando, porém, que os ensinamentos de Deus-Parens referiam-se a algo que não constava nas lendas antigas, pois era algo que acontecera há mais de novecentos milhões de anos. 

Assim, percebemos que Oyassama não negava a validade da verdade pregada por outras religiões e seus ensinamentos vieram a preencher uma lacuna que existia nessas escrituras. 

Em outras palavras, Oyassama nos mostrou que seus ensinamentos não vieram para contradizer, mas completar as verdades defendidas por outras religiões. 

Assim, as religiões, a exemplo dos seres humanos, se completam entre si, elas possuem essas características de mútua complementaridade. E para se completarem, cada uma delas apresenta certos aspectos e particularidades que as diferenciam entre si. 

E acreditamos que o que existe de particular na religião que nos foi transmitida pela Oyassama é exatamente essa ideia de que todos nós participamos de um processo de contínua evolução espiritual e que temos a capacidade de modificar, aprimorar e melhorar a nós mesmos e ao mundo em que vivemos. 

Assim, através dos ensinamentos de Oyassama, percebemos que o ‘inferno’ ou o ‘paraíso’ não se encontra no mundo exterior, pois ambos estão na nossa alma, no espírito de cada um de nós. 

Assim, viveremos o ‘inferno’ do sofrimento e angústia quando nosso espírito estiver impregnado de ódio, despeito, e de todos os sentimentos que nos fazem afastar do caminho da harmonia entre as pessoas. 

E pelo contrário, quando nos despertarmos para a realidade de que todos nós somos irmãos, e como tal, fomos todos criados para nos amarmos e nos ajudarmos mutuamente, compartilhando alegrias e tristezas, completando-nos reciprocamente para podermos promover a nossa evolução espiritual, então, o ‘paraíso’ estará dentro de nós.

E na medida em que esse ‘paraíso’ estiver presente dentro de cada um de nós, o mundo também se transformará no verdadeiro ‘paraíso’ que nos abrigará de maneira acalentadora e confortante e onde todos nós poderemos praticar a vida plena de alegria e felicidade. 

Dessa forma, nestes momentos conturbados dos dias de hoje, quando o mundo vivencia conflitos e discórdias de diversas naturezas, Oyassama nos conforta com sua doutrina repleta de sentimentos de tolerância e respeito entre as pessoas.  

(Jorge Minoru Egami)