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O valor do espírito

Anderson Andrade

Ultimamente, venho refletindo muito sobre a minha caminhada na Tenrikyo. Sigo a Tenrikyo desde os 12 anos de idade, quando a minha família foi atraída pela enfermidade da minha mãe, que apresentava colecistite. Ela recebeu a graça e foi orientada pela nossa querida e saudosa condutora da Igreja Recife Hoyo, Rev.ª Hatsuko Kaneko. Assim, nossa família foi agraciada em conhecer este Caminho.

Durante minha adolescência, no cotidiano, a minha educação foi complementada com os ensinamentos de Deus-Parens. Tive contato com pessoas que se tornaram grandes amizades e muitas contribuíram para que a minha fé saísse da formalidade e pudesse fazer uma reflexão aprofundada sobre a qualidade do meu espírito, do quanto realmente estava demonstrando o meu verdadeiro sentimento no dia a dia.

Aqui convido todos a entrarem na mesma reflexão que passei a ter, após anos de conhecimento e amadurecimento acerca do caminho da fé, sobre o caminho da sinceridade. 

Segundo os ensinamentos, encontramos que sinceridade é o “diário e constante” (Palavras Divinas), e que muitos explicam também como o estado em que “o coração e a boca não diferem” (Escritura Divina). 

Partindo deste ponto, pude notar que o meu cotidiano estava baseado e construído nas atividades internas do Caminho, e que precisaria expressar para Deus-Parens e Oyassama também os meus sentimentos pouco desenvolvidos. Considerei que a formalidade é que me distanciava do sentimento de completude; cheguei ao ponto de questionar se o “coração e boca” não estariam se diferindo?

O cuidado com o mundo da fé consiste em não se distanciar da razão de Deus, que nos criou para viver a vida plena de alegria e felicidade. Como transmitir o ensinamento se você próprio chegou ao ponto de questionar a própria fé?

Na Escritura Divina, explica que “tudo é de acordo com espírito”. E, desta forma, pude finalmente entender o verdadeiro significado da fé, aquela que não se manifesta apenas pelos padrões formais, mas sim, pelo verdadeiro sentimento de realizar, de coração, o que sente na fé. Isso amadurece nossas reflexões e a sensação do Serviço se torna mais absoluta.

Gostaria de falar um pouco dessa relação com o Serviço, tendo as minhas reflexões como exemplo. 

Executar o Serviço todos os dias pode se tornar algo mecânico, e que, por vezes, não conseguimos relacionar com os resultados pessoais alcançados na vida ou com relação ao meio em que vivemos. 

No Ensinamento, temos que vivemos dos méritos e virtudes acumulados; mas existem graus diferentes de pessoa para pessoa. A virtude acumulada pode ocorrer por esforço pessoal ou por ‘empurrão’ de uma pessoa próxima, pode ter valor diferente na forma como vamos receber a retribuição por parte de Deus. Desta maneira, realizar o Serviço é superimportante para o acúmulo de virtudes, pois é a nossa condução própria, é realizar a nossa parte.

Mas como é a nossa reação sobre o comportamento das pessoas e como estamos nos enxergando neste contexto? 

Acredito que nossa visão fica mais apurada quando limpamos as poeiras do coração, e a chave fundamental é a execução do Serviço. No momento certo, nos ajudará a ser mais humanos, empáticos e altruístas.

Assim, perceber e se gratificar com essas atitudes é uma relação extremamente íntima com o “espanar as poeiras” através do Serviço, da disposição em realizá-lo e da reflexão sobre as circunstâncias diárias apresentadas.

Sinto de coração, que o Serviço não é algo que provoque fardo ou cumprimento formal, mas sim, é um contato intrínseco entre a voz de Oyassama e a dos seres humanos, despido das formalidades que constroem muros e que nos atrapalham a enxergar o que somos e o nosso verdadeiro papel no mundo. Essa é apenas uma perspectiva de várias que pude experienciar neste período. Os resultados são impressionantes! Muito obrigado, Oyassama!

*é Yoboku da Igreja Nordeste Hoyo