Diante de uma lesão, ocorre um processo inflamatório que desencadeia reações que fazem com que o cérebro perceba a dor. Muitas vezes, o agente causal é facilmente identificado, como por exemplo, dor de dente. Vamos ao dentista, identificada e tratada a cárie, a dor se resolve junto com a causa. Outras vezes, há dúvidas quanto à causa da dor, como por exemplo, dor no peito. Pode ser um sinal de infarto do coração? Pneumonia? Gastrite? Dor muscular? O médico precisa ser consultado; às vezes, exames são necessários para se achar a causa e tratá-la. Ainda, a dor pode ser desencadeada por causas emocionais e estresse.
Então, a primeira coisa a fazer ao sentir dor é tentar identificar a causa. Uma simples dor de cabeça pode ser causada por tensão, alimentos, exposição a agentes inalantes, privação de sono, pressão alta, infecções como sinusite, diminuição de acuidade visual, contratura muscular entre outros diagnósticos.
O sintoma dor pode ser tratado inicialmente com analgésicos comuns, tipo dipirona e paracetamol. Quando necessário, associam-se antiinflamatórios e medicações mais fortes, derivados da morfina, como tramadol e codeína.
Dor é um sofrimento físico, mas sua interpretação depende da sensibilidade de cada um e até mesmo da carga cultural. Por exemplo, em um trabalho de parto é comum orientais e descendentes indígenas pouco se queixarem da dor da dilatação do canal do parto mesmo no ápice de dor, que é o período expulsivo. Proporcionalmente, a dor do parto é comparável à amputação de um dedo ou à cólica decorrente de cálculo (pedra) renal.
Há estudos também que comprovam que as pessoas que têm alguma crença religiosa são mais resistentes à dor. Na Tenrikyo, a interpretação de dor é um sinal de que estamos nos desviando do Caminho. Muitas vezes não entendemos ao certo que desvio é esse, ou decorrente de quê. Mas, se agradecermos sinceramente a graça de sermos vivificados pelas providências de Deus-Parens, com certeza teremos a resolução da dor. Talvez sejam necessários medicamentos, cirurgia para extrair a causa da dor, terapias alternativas como acupuntura e psicoterapia. Mas perceber a dor como algo positivo é um grande passo para o tratamento.
Pessoas que têm depressão ou estão diante de um momento difícil na vida pessoal são mais sensíveis à dor. Pacientes com diagnóstico de câncer que confiam no tratamento e na cura, sentem menos dor e esta é de mais fácil resolução.
A anestesia tem um alcance muito grande no tratamento da dor. De início, já se planeja como evitar a dor de acordo com o procedimento cirúrgico. Evitar a dor antes mesmo que ela aconteça, ou seja, o uso de raquianestesia, peridural e bloqueios de plexos está associado a menor consumo de medicamentos para dor por via venosa e oral.
O público em geral tem muito medo da anestesia, decorrente da falta de segurança dos agentes anestésicos mais antigos e de monitorização da condição clínica. Atualmente, os agentes que são mais seguros do ponto de vista cardiovascular, desencadeiam menos reações alérgicas e são mais previsíveis quanto à eliminação. Ainda, o avanço na monitorização cardíaca e respiratória proporciona maior facilidade para ajustar as doses dos agentes anestésicos. O primeiro passo de uma anestesia é a entrevista com o paciente para conhecer o histórico de doenças, alergias e como se comporta em relação à dor. Diminuir a ansiedade no pré-operatório também auxilia na prevenção da dor. Muitos analgésicos têm como efeito colateral a sedação, que é desejável para diminuir a consciência de dor e sua exacerbação.
Voltando ao tratamento da causa da dor, a prevenção é o passo zero, como cuidados para evitar acidentes domésticos, atenção no uso de agentes inflamáveis, direção segura de automotores, proteção de locais frequentados por crianças e idosos. Mesmo durante atividades recreativas, o alongamento adequado diminui a dor muscular decorrente do esforço físico. Deve-se reservar especial atenção para atividades cotidianas, como posição do assento da mesa do computador e qualidade do colchão da cama.
Dor é um sofrimento necessário. Sem dor, seríamos incapazes de nos defender de agentes nocivos e identificar doenças.
Refletindo sobre os sofrimentos do corpo, determinem o espírito de se amparar em Deus. ED V-10
•Dra. Erika Miyoshi, é yoboku da Igreja Duartina e médica anestesista