Na caminhada da fé na Tenrikyo, um convite constante ecoa: cultivar um coração sincero em todas as nossas ações. Mais do que a forma exterior ou a grandiosidade material, o que verdadeiramente importa e alcança Deus-Parens é a pureza da intenção, o Makoto-Shinjitsu, a sinceridade verdadeira que impregna cada gesto.

Este princípio é vividamente ilustrado em um episódio no livro “Episódios da Vida de Oyassama”, Episódio 7 - Oferenda sincera. Certa vez, uma pessoa abastada ofertou belos bolinhos de arroz numa caixa luxuosa. Oyassama recebeu-os com um simples e breve “Ah, é”. Pouco tempo depois, uma fiel de condição humilde, com sacrifício, ofereceu alguns bolinhos doces numa modesta casca de broto de bambu. A reação de Oyassama foi de profunda satisfação e alegria: “Coloque-os em oferenda a Deus-Parens, imediatamente.”

O relato conclui que Oyassama “contentava-se muito mais com o espírito sincero de quem oferecia do que com o que era oferecido”. Ela discernia a essência por trás de cada ato. A primeira oferenda, embora visualmente rica, originava-se de sobras e conveniência; a segunda, singela na forma, transbordava Sinceridade Verdadeira e o esforço de um coração grato. Oyassama via, na humildade da segunda oferenda, um espírito límpido, enquanto a primeira talvez carecesse dessa clareza de intenção.

Este princípio da Sinceridade Verdadeira é a pedra angular da vida na Tenrikyo. Oyassama, como descrito no livro “Doutrina de Tenrikyo”, ensinou sobre a pureza necessária do espírito ao compará-lo à água: se impuro como “água lodosa” pelas cogitações egoísticas, não pode refletir a vontade divina; mas, ao ser purificado, “torna-se límpido, espelhando as verdades” (Doutrina de Tenrikyo, Cap. I). Deus-Parens anseia por essa sinceridade em nosso coração. Como nos ensina a Indicação Divina de 7 de dezembro de 1888: “Não pensem onde está a onipotência. Digo que a onipotência está na existência constante da sinceridade no espírito de cada um.” (Doutrina da Tenrikyo, Cap. VII).

Assim, a sinceridade genuína é mais valorizada que rituais elaborados ou contribuições materiais vultosas desprovidas desse sentimento. Seja no hinokishin (dedicação diária), na oração, na ministração do Sazuke (Dom da Concessão) ou nas interações cotidianas, é a intenção pura que confere verdadeiro significado e permite a plena manifestação da graça divina. A forma é importante como expressão, mas sem o espírito sincero, torna-se um recipiente vazio, incapaz de transmitir a verdadeira essência da fé.

Portanto, o caminho para a vida plena de alegria e felicidade, meta última da fé, passa invariavelmente pelo polimento do coração. Ao nos esforçarmos para agir com um espírito límpido e honesto, como o da fiel que ofereceu seus simples bolinhos, nossas ações, por menores que pareçam, ganham um significado profundo e nos conectam verdadeiramente com a Providência Divina. A verdadeira fé é aquela que brota do interior e se manifesta em cada detalhe da vida, refletindo a beleza de um coração sincero.

(Bruno Koiti Sakai)