Rodolfo Yoshimitsu Tanaka
Na Tenrikyo, o Serviço Sagrado é realizado com canto, dança e instrumentos musicais. Através da Oyassama, Deus-Parens nos ensinou esse Serviço com profundo amor parental, a fim de nos conduzir ao caminho da salvação.
Gostaria de compartilhar uma experiência pessoal vivida durante o tempo em que estive na Terra Parental, sobre trocar as cordas de koto, um dos três instrumentos musicais femininos.
Tive a oportunidade de estudar em Jiba e, posteriormente, me dedicar no Departamento de Missões Exteriores, onde permaneci por quatro anos, totalizando quase dez anos. Durante esse período, a esposa do primaz anterior me perguntou se eu teria interesse em aprender a trocar as cordas do instrumento koto, pois na Sede Missionária e nas igrejas do Brasil, havia instrumentos que precisavam de manutenção.
Ela conversou com o responsável pela manutenção dos instrumentos femininos da Sede, que possui uma oficina de koto, shamissen e kokyu e é procurado por diversas igrejas da Tenrikyo. Na oficina, o responsável explicou que este trabalho exigia esforço físico e sensibilidade auditiva, já que era necessário puxar as cordas com a força, usando uma pequena peça de madeira, além de escutar o som da corda para saber se a tensão estava correta. Completou dizendo que era preciso muita determinação e que normalmente esse aprendizado leva anos.
Como eu voltaria ao Brasil no ano seguinte, seria necessário um empenho redobrado. Orientou-me dizendo que fazer a manutenção do koto seria uma prática de hinokishin e uma forma de alegrar Oyassama e Deus-Parens.
Mesmo com pouco conhecimento musical e com um porte físico longe de ser forte, aceitei, determinado a me esforçar para poder trocar as cordas de koto das igrejas da Tenrikyo.
Meu avô, o condutor anterior da Igreja Maringá, também havia aprendido a afinar os instrumentos musicais femininos. Quando eu tinha cerca de 15 anos de idade, ele tentou me ensinar, mas minha falta de interesse fez com que ele desistisse após algumas tentativas. Depois que voltei para o Brasil, descobri que ele também trocava cordas de koto.
Iniciei o treinamento com um koto emprestado, estava danificado, mas servia para a prática. Como foi me orientado, praticava todas as noites, e às sextas-feiras, eu e minha esposa íamos à oficina do professor. Enquanto eu praticava a troca das cordas, ela treinava os instrumentos femininos com a esposa dele. Cada aula era como uma prova, eu puxava as cordas, e ele corrigia meus erros.
Aprendi muito mais do que a técnica. Ele me ensinou também sobre a história do koto, sua chegada ao Japão e sua importância dentro do Serviço. Explicou que, por ser feito de madeira, o koto exige cuidados especiais: deve ser guardado em local equilibrado quanto à umidade e manuseado com zelo. Ensinou também que todos os instrumentos devem ser tratados com respeito e cuidado.
Com o tempo e a prática, comecei a melhorar, mas também vieram as dores nos braços, machucados nas mãos, dedos travados e até dores no pescoço e nas costas. Precisava sempre estar fazendo alongamentos, massagens e uso de muitos emplastros. Muitas vezes, com o cansaço, reclamava, mas me recompunha, lembrando de minha determinação.
Depois de um ano e meio, mesmo ainda imaturo e sabendo que havia muito o que melhorar, fui aprovado pelo meu professor. Ele me orientou a continuar treinando e me esforçando sempre, pois isso também é uma forma de contentar Deus-Parens e Oyassama.
Voltando para o Brasil, venho realizando manutenções nas igrejas. É uma alegria indescritível ouvir o som do koto com cordas renovadas e ver a felicidade dos membros da igreja ao perceberem a diferença do som, espero que, desta forma, o Serviço e os treinos fiquem mais animados.
Na igreja, havendo necessidade de troca de cordas ou ajustes, coloco-me à disposição. Faço com gratidão, retribuindo por tudo que recebi e aprendi em Jiba.
*é Yoboku da Igreja Maringá