Kazuyoshi Sakaguchi
Este ano, tive a oportunidade de regressar a Jiba para acompanhar os seguidores da minha igreja que começaram frequentar o Curso de Formação Espiritual (Shuyoka) da Sede da Igreja, turma em português, no Japão. Durante esse período, participei também de algumas palestras no alojamento da minha Igreja-Mor Heishin, o que me proporcionou momentos de reflexão interessantes.
Em uma das palestras, um dos professores de Shuyoka contou o seguinte episódio de Oyassama, e, em seguida, perguntou aos cursistas:
“Vocês conseguirão carregar tudo e levar para casa depois de terminarem o Curso de Formação Espiritual?”
O professor estava se referindo ao Episódio 79 – Filhos que regressam:
“Certa vez, Oyassama explicou a Jirokiti Kita:
‘Dentre muitos filhos que vêm de regresso aqui, há quem arrume a bagagem e a leve num carrinho. Há também pessoas que, embrulhando-a num grande lenço, vão carregando nas costas. Ainda, há pessoas que, enchendo-a num lenço furado, vão carregando nas mãos. Acabarão perdendo tudo até chegarem em casa.’
As palavras do professor, baseadas nesse ensinamento de Oyassama, me fizeram refletir sobre o que realmente posso carregar na minha bagagem espiritual ao voltar para casa?
Cada pessoa tem um jeito próprio e uma capacidade diferente de levar consigo aquilo que recebeu. Há quem consiga guardar com firmeza os aprendizados espirituais. Mas há também quem, por descuido ou falta de constância, acabe ‘perdendo tudo antes de chegar em casa’.
De fato, os seminaristas do Shuyoka regressam a Jiba com propósitos diversos. O próprio nome Shuyoka indica tratar-se de um período de formação espiritual, no qual cada um pode aprender lições preciosas para levar consigo.
Não apenas em Jiba, nossa Terra Parental, mas também na Sede Missionária, Dendotyo do Brasil, muitos retornam cheios de ânimo espiritual, levando como presente um coração (espírito) fortalecido pelos ensinamentos e experiências compartilhadas. No entanto, infelizmente, há também aqueles que acabam se afastando da fé com o passar do tempo.
Durante os dias que estive na Terra Parental, pude observar de perto o esforço e a sinceridade de cada cursista. Observei como cada um, à sua maneira, se dedicava com entusiasmo ao Serviço, ao estudo, aos treinamentos de dança sagrada e dos instrumentos musicais, além das práticas diárias do ensinamento. Ao testemunhar isso, percebo que o verdadeiro tesouro que levamos conosco não são objetos visíveis e nem lembranças materiais, mas, com certeza, os sentimentos sinceros das pessoas e os aprendizados espirituais que enraízam no coração.
Entretanto, com o passar dos meses, muitas pessoas acabam esquecendo esses sentimentos e retornam à rotina como se nada tivesse acontecido.
Os sentimentos de gratidão, satisfação e do desejo de ajudar (salvar) o próximo são dádivas espirituais de valores imensuráveis. Permanecem conosco e nos fortalecem em qualquer lugar, onde quer que estejamos, desde que mantenhamos o espírito determinado, isto é, firme e contínuo.
Nas sedes missionárias e nas igrejas, o Serviço Sagrado da salvação do mundo é realizado mensalmente e sem falhas, recebendo a razão de Jiba. Acredito que Deus-Parens e Oyassama desejem profundamente, acima de tudo, que cada igreja se torne o local onde os ‘filhos que regressam’ possam receber e levar consigo muitos presentes espirituais, assim como acontece na Jiba da origem.
Por isso, sinto que a missão de cada yoboku, ao regressar à sua igreja filiada, é transmitir a intenção de Deus-Parens e compartilhar os presentes espirituais que recebeu e trouxe de Jiba com as pessoas que ainda não conhecem o ensinamento deste Caminho.
Assim, através do episódio ‘Filhos que regressam’, Oyassama nos ensina que, além da intenção de regressar a Jiba, importante é continuar carregando e praticando, no dia a dia, o que se recebeu com sinceridade e cuidar para deixar ‘tampado o buraco do lençol furado’ com o espírito determinado.
Meditem determinando sinceramente o espírito. Mediadores, peço-lhes o firme empenho. (ED 10-28)
(Kazuyoshi Sakaguchi)