Me recordo que, sem muitos holofotes mundiais, o Protocolo de Quioto foi criado em 1997, quando eu estava no Japão. Fiquei muito curioso, e sempre que eu ouvia sobre o tema, vinha à minha mente: 

Este mundo é corpo de Deus. Reflitam a respeito disso em tudo.     (ED III-40,135)

Em novembro, será realizado o COP-30, em Belém/PA, que tem suas bases no Protocolo de Quioto e no Acordo de Paris, e convoca lideranças a enxergarem o planeta como um sistema vivo e interdependente.

Já refletiram sobre as bases do ESG (Ambiental, Social e Governança)? Eu acredito que na essência destes movimentos há a ‘espiritualidade das organizações’. Mas o que seria uma liderança espiritualizada?

No meu ponto de vista, o líder com consciência espiritual faz essa conexão naturalmente: entende que não há prosperidade empresarial em um planeta adoecido.

O líder com consciência espiritual é aquele que compreende que liderar vai muito além de poder, autoridade e resultados; sua presença influencia pessoas, ambientes e decisões, e seu papel é servir, inspirar e elevar o potencial humano ao redor. Esse líder não separa razão, emoção e valores - ele integra. Age com firmeza e sensibilidade, com estratégia e propósito, com ambição e humanidade.

Sua espiritualidade é um estado de consciência ampliada. Ele reconhece a interdependência entre pessoas, sociedade e planeta. Sabe que cada decisão gera impacto e escolhe agir com ética, coerência e respeito. Cultiva ambientes de confiança, onde a vulnerabilidade não é fraqueza, mas a ponte para relações verdadeiras.

Reflitam do íntimo do coração para entenderem. Salvando os outros, estará salvando a si mesmo.

(ED III-47)

Um líder espiritualizado pratica a presença: escuta com atenção, observa sem julgamento e comunica com clareza. Valoriza o silêncio que orienta, a intuição que guia e o aprendizado contínuo. Ele inspira pelo exemplo, não pelo cargo. Reconhece talentos, estimula autonomia e honra a singularidade de cada pessoa.

Seu foco não é apenas o ganho, mas o legado deixado. Ele conduz equipes para um sentido maior do trabalho, conectando o “o que fazemos” ao “por que fazemos”. Assim, gera pertencimento, engajamento em uma jornada sustentável, pois sabe que indivíduos com propósitos entregam mais e melhor.

Se pensam sinceramente sobre este caminho, reflitam do íntimo do coração sobre todas as coisas.

(ED II-15)

O líder com consciência espiritual escolhe evoluir. Olha para dentro antes de apontar para fora. Assume erros, aprende com eles e transforma desafios em crescimento. Ele sabe que a verdadeira liderança nasce do autoconhecimento, da coerência entre discurso e prática, e da coragem de agir com integridade mesmo que ninguém esteja olhando. Em um mundo acelerado, de altos níveis de estresse, mudanças constantes e relações frágeis, esse líder se torna o farol: humaniza as organizações e mostra que é possível alcançar resultados extraordinários sem perder a essência.

Liderar com consciência espiritual é liderar com propósito, presença e amor. É transformar pessoas, negócios e sociedade a partir da sua própria evolução.

Que imaginam ser este caminho? O caminho verdadeiro que trará paz ao mundo.          (ED VI-4)

*é diretor da Sede Missionária e condutor da Igreja Taimo