Lilian Yoshie Kajiyama
Fui convidada a escrever algumas palavras. O meu objetivo não é ensinar, mas sim, compartilhar a minha experiência como mãe, especialmente sobre como transmitir os ensinamentos da Tenrikyo de forma simples para jovens casais com filhos pequenos.
Desde criança, ouvia muito da minha querida e falecida mãe que deveríamos sempre acumular virtudes. Mas, para uma criança, o que significam essas duas palavras?
Com o passar dos anos, refletindo sobre essa expressão, percebi que ela carrega um profundo significado. Cada pessoa precisa compreender e internalizar esse conceito para aplicá-lo em sua vida.
Desde cedo, ensinei aos meus filhos que cada um de nós carrega um “saquinho invisível de moedas de virtudes e merecimentos”. Esse saquinho pode estar cheio ou vazio, dependendo de nossas ações e, também, da herança espiritual deixada pelos nossos antepassados.
Mas como uma criança pode acumular virtudes? E para quê?
Como mãe, acredito que esse é o verdadeiro ensinamento: formar o caráter e promover a evolução espiritual. Ações negativas não enchem o saquinho, pelo contrário, esvaziam-no. Sempre orientei meus filhos sobre a importância da dedicação a Deus e ao próximo, seja por meio do hinokishin, das oferendas à igreja, das orações pelos enfermos, ou simplesmente, agir como um instrumento de Deus.
A criança que aprende a praticar o bem cresce saudável e feliz. Pensamentos e ações positivas atraem o bem e, naturalmente, afasta o mal.
Aos pais, incentivem seus filhos a praticar boas ações e, quando o fizerem, elogiem. Demonstrem alegria e reconhecimento. Isso é essencial para o desenvolvimento emocional e espiritual.
No cotidiano, eu dizia aos meus filhos que só poderíamos “gastar” as moedas de virtudes em situações de emergência, perigo ou em grandes mudanças na vida. Quanto mais estivermos próximos de Deus, mais facilmente Ele nos ouvirá e atenderá.
Também é importante ilustrar para a criança onde essas moedas podem ser usadas: diante de dificuldades ou em momentos de aflição. Use exemplos reais de pessoas próximas que receberam méritos. Eu, por exemplo, sinto-me muito agraciada: tenho um excelente marido, dois filhos que me enchem de orgulho, uma família que me apoia, amigos que me acolhem, saúde e, acima de tudo, a proteção de Deus-Parens.
Nas grandes cidades, a violência e a insegurança fazem parte da rotina. Mas, com Deus em nosso coração, tudo se torna menos desgastante. Devemos confiar em Deus-Parens e depositar nossa fé de que o dia será bom. E se algo inesperado acontecer, acredito que Deus atenuou algo pior que poderia ocorrer. Ser protegido diariamente é usar as moedas do saquinho de virtudes e, também, ter a chance de acumulá-las.
Acrescentando ao que minha mãe dizia, falava aos meus filhos: “O mínimo que se pode fazer é não fazer o mal. Mas, se puder ajudar, melhor ainda!” Com essa frase, busquei ensinar empatia aos meus filhos: não prejudicar o próximo e sempre considerar como a outra pessoa se sentirá com nossas ações.
Entendo que quanto mais fazemos pelo próximo e pela nossa igreja, mais as coisas fluem naturalmente. Desenvolvemos empatia, intuição e sensibilidade para perceber quem está ao nosso redor e precisa de ajuda.
Na Instrução 4, temos:
“Herdando essa fé, de pais para filhos, de filhos para netos, cada passo acumulado se torna a ligação do Caminho por todas as gerações.”
As ações falam mais alto que palavras. A fé, as atitudes, os pensamentos e as palavras formam um conjunto essencial para dar exemplo. E quem mais observa isso? Nossos filhos e todos que nos cercam.
Que tal começar hoje a aumentar o acúmulo de moedas no saquinho de virtudes?
*é esposa do condutor da Igreja Brasil